A Polícia Federal (PF) cumpre, na manhã desta terça-feira (8/7), mandado de busca e apreensão na Câmara dos Deputados, no âmbito de uma investigação que apura a atuação de uma organização criminosa acusada de fraudes e desvio de recursos públicos no Ceará. Um dos mandados é cumprido no gabinete do deputado federal Júnior Mano (PSB-CE).
Endereços ligados ao parlamentar em Brasília e no Ceará também são alvos de buscas, além de propriedades de outros cinco investigados.
A investigação apura desvio de recursos públicos por meio de emendas parlamentares e fraudes a licitações envolvendo municípios cearenses. No Ceará, os mandados foram expedidos pelo ministro Gilmar Mendes, relator do caso no STF (Supremo Tribunal Federal), foram cumpridos em cinco municípios: Fortaleza, Baixio, Canindé, Eusébio e Nova Russas, cidade-natal do deputado.
O suposto esquema de desvios de emendas parlamentares pode ter se espalhado por cerca de 50 municípios do Ceará, segundo fontes da investigação. Outras dezenas de cidades teriam sido foco da organização criminosa que, por meio de um operador, negociava emendas de Mano em troca de comissão.
Segundo as investigações, o grupo criminoso desviava dinheiro público por meio de fraudes em processos de licitação e contratos. Os valores de origem ilícita teriam sido usados para custear campanhas políticas no Ceará, nas eleições municipais do ano passado.
Além dos mandados, o STF também autorizou a quebra de sigilo de celulares apreendidos e o bloqueio de R$ 54,6 milhões em contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas investigadas.
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Como funcionava o esquema?
De acordo com a PF, o núcleo investigado articulava o envio de verbas públicas a determinados municípios no Ceará e, em troca, parte dos recursos era desviado para pagamentos ilegais.
A organização criminosa também é suspeita de influenciar procedimentos licitatórios por meio de empresas vinculadas ao grupo. São apurados os crimes de organização criminosa, captação ilícita de sufrágio, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica com fim eleitoral.
Em nota, o gabinete do deputado negou participação dele em qualquer esquema criminoso. Nota da assessoria informa que o deputado “não tem qualquer participação em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos”.
*com informações de CNN Brasil e G1