O senador Omar Aziz (PSD) esteve hoje, 20, no estúdio da Onda Digital. Ele foi entrevistado no programa Meio Dia com Jefferson Coronel e abordou a controvérsia no Amazonas provocada pela fala do vice-presidente Geraldo Alckmin no início da semana, quando ele afirmou que é intenção do governo Lula acabar com o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), medida que afetaria a Zona Franca de Manaus.
Essa medida faria parte de uma reforma tributária que o governo Lula pretende realizar ainda em 2023.
Sobre a questão do IPI, Aziz afirmou:
“Manaus tem incentivo, todos têm. E São Paulo, Bahia, têm mais do que nós. Essa questão não é tão simples como uma fala do Vice-presidente Alckmin. Mas tenho garantias do presidente Lula que a ZFM não será afetada.
Qual a proposta do Bernard Appy [Economista e mentor da reforma]? Eles tentam unificar os impostos, acabariam com IPI, ISS e ICMS e ficaria um imposto único. Pis e Cofins eles não falam em mexer, porque fica tudo com o governo federal. Não se pode abrir mão de 70 bi de arrecadação, caso acabe o IPI. Vai jogar isso pro produto final? Alguém tem que pagar essa conta, não é um simples discurso que vai acabar estabelecendo isso do dia pra noite. É diferente do decreto, como o Paulo Guedes tentou fazer antes. Tenha certeza que não vai haver um”.
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Aziz afirmou estar em contato com Lula e Alckmin sobre o tema e sugeriu 2 nomes para fazer parte da equipe por trás da reforma tributária:
“Conversei com Lula ao telefone sábado passado. Ele disse pra eu elaborar uma agenda pra ele vir ao Amazonas. Estamos vendo a data, pode ser que ele venha em março. Falei sobre essa questão, ele disse ‘problema com a ZFM é comigo’. Então, estou confiando muito nele.
Conversei ontem com o Alckmin. Falei que temos técnicos excepcionais que conhecem tributação muito bem. Indiquei 2 nomes do AM para participar da elaboração dessa PEC do Appy: Pauderney Avellino e o consultor Thomaz Nogueira, conheço ele há muito tempo e ele também tem relação com o Appy. Alckmin aceitou os nomes, se ele não colocar pedirei ao presidente Lula para colocá-los nessa equipe, para defender a ZFM na origem”.
O senador também falou sobre como é complexo abordar o tema de uma reforma tributária para todo o país:
“Nordeste e Norte como um todo também são contra reforma tributária. O termo Federação é da boca pra fora, porque na prática não funciona. Falar ao mesmo tempo em zerar o desmatamento até 2030 e tirar a competitividade da ZFM são discursos que não batem. Manaus não tem minério, petróleo, produção agrícola e o turismo é meio limitado. Então, as pessoas falam em alternativas, mas não temos.
O Rio de Janeiro, a cidade, por exemplo, vive do turismo, então ela vive do ISS. O prefeito é um que vai pular nessa reforma tributária. Isso começa a dar problemas, não é apenas o IPI”.
Omar Aziz também declarou:
“Ninguém tem boa vontade com a ZFM, incluindo aqui: tem gente no Amazonas que aplaudiu os decretos do Bolsonaro no ano passado. Por isso temos que ficar atentos”.
O senador também negou pensar em ser candidato a governador em 2026: “Acho que já cumpri minha parte no governo, quero produzir nesses 8 anos no Senado”.
Sobre a manifestação diante do CMA, Aziz disse:
“Servir é uma honra inigualável para qualquer general. Mas permitiram aquela balbúrdia. Aquilo é uma área de segurança, me diga se um acampamento de sem terras iam ficar lá poucos minutos que fossem. Se o teu carro furasse o pneu na frente, já iam aparecer 2 soldados mandando tirar o carro. Os soldados se curvaram àquilo, fizeram o que há de pior, se esconderam porque receberam ordem superior”.
Ele também falou sobre a eleição de 2024 e seu apoio ao prefeito David Almeida (Avante):
“David está fazendo boa prefeitura, naquilo que puder ajudá-lo eu vou. Espero que ele consiga se reeleger, ele me apoiou nesta eleição. Tem bons técnicos e está fazendo um bom trabalho, qualquer diferença que tive com ele já foi resolvida”.
E finalmente, sobre sua atuação na CPI da Covid e a administração Bolsonaro, o senador disse:
“Bolsonaro ajudou a matar muita gente, estimulava o negacionismo e era contra a vacina. Mas fizemos com que ele encolhesse. Ele tem responsabilidade de não ter reconhecido a derrota, de se esconder, fazer fuxico. Fez postagem depois do dia 8, que dizem que quem postou foi o irresponsável, o moleque filho dele, Carlos. Esse sim é o mal, merecia estar preso. Ele mesmo causa problemas entre o pai e a esposa, e temos que ter respeito por ela. Não tenho nada contra ela, fui contra convocá-la para a CPI. Ajudei o Lula? Não, fomos para cima, mas fizemos com que o Lula crescesse no comparativo, porque a conduta do Bolsonaro foi muito ruim durante a pandemia e pagou um preço alto por isso”.
A entrevista completa do senador Omar Aziz pode ser assistida aqui.