O vídeo publicado pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) sobre supostas fraudes no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) ultrapassou a marca de 120 milhões de visualizações no Instagram, até esta quinta-feira (8/5). A gravação foi divulgada nas redes sociais na última terça-feira (6/5).

Na publicação, o parlamentar classifica o caso como “o maior roubo da história do Brasil”, e faz duras críticas à condução do tema pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nikolas Ferreira utiliza o vídeo para apresentar uma linha do tempo dos eventos e alegações que, segundo ele, comprovam uma intensificação do esquema fraudulento a partir de 2023, com a chegada do governo Lula ao poder.
O congressista afirma que, durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi apresentada uma medida provisória para combater as fraudes no INSS, mas que teria sido “derrubada pela esquerda” no Congresso Nacional. O parlamentar argumenta que, desde então, o esquema teria se aprofundado, atingindo milhares de aposentados e pensionistas em todo o país.

Ao final do vídeo, Nikolas Ferreira recorre à inteligência artificial para envelhecer sua própria imagem. O recurso é utilizado como uma metáfora visual, simbolizando os aposentados que, segundo ele, foram “lesados ao longo do tempo” pelas fraudes nos descontos consignados e pelas entidades de fachada.
“Para chegar aqui diferente [no futuro] a gente precisa fazer algo diferente agora, porque o partido que prometeu cuidar do povo acabou explorando quem eles mais juraram defender”, afirma Nikolas em um dos trechos do vídeo.
O deputado também critica duramente o uso de recursos públicos para ressarcir os aposentados prejudicados, afirmando que “as vítimas vão ressarcir as vítimas, e os criminosos seguirão livres. Assim fica fácil roubar”, em referência ao impacto fiscal que o escândalo pode gerar aos cofres públicos.
Ao longo do vídeo, o parlamentar também convoca a população a pressionar os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), pela abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as irregularidades no sistema de descontos e empréstimos consignados do INSS.
Veja:
O maior escândalo da história do Brasil – veja até o final. pic.twitter.com/T7MHTEHyiC
— Nikolas Ferreira (@nikolas_dm) May 6, 2025
CGU rebate Nikolas Ferreira
Nesta quinta-feira (8/5), diante da repercussão do vídeo de Nikolas Ferreira nas redes sociais, o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius Carvalho, divulgou um vídeo para rebater as acusações feitas pelo parlamentar mineiro.
“Não é hora de espalhar medo ou mentira. É grave, muito grave usar a mentira ou truques de contexto para enganar o povo ou politizar um tema tão importante para o país, que é o combate à corrupção”, afirmou Carvalho.
Veja o vídeo:
🚨Em defesa da verdade e dos aposentados do INSS: o ministro da CGU, Vinícius de Carvalho, esclarece a fraude desmontada pelo Governo Federal, PF e CGU. Assista e compartilhe para combater as mentiras sobre o caso! pic.twitter.com/UfqSWEE50H
— Controladoria-Geral da União (CGU) (@CGUonline) May 8, 2025
Saiba mais:
- Justiça dá 48h para governo Lula explicar fraudes no INSS; entenda
- VÍDEO: Gustavo Gayer compara passeata pela anistia ao 8 de janeiro e emociona Bolsonaro
Um dos principais pontos do vídeo do deputado que foram refutados pelo ministro diz respeito à origem e cronologia do esquema fraudulento. Nikolas Ferreira argumenta que as fraudes nos consignados começaram em 2019 e que se intensificaram em 2023. No entanto, segundo Carvalho, as investigações apontam que as associações de fachada começaram a atuar em 2017, ainda durante o governo de Michel Temer, e que o aprofundamento do esquema ocorreu a partir de 2019.
“Esquemas assim crescem com o passar do tempo, com a ideia de impunidade. Por isso foi tão importante descobri-lo e proteger nossos aposentados e pensionistas”, pontuou o ministro da CGU.

Suposto rombo de R$ 90 bilhões é negado
Outro ponto polêmico diz respeito ao valor estimado das fraudes. Nikolas insinua que o montante desviado poderia chegar a R$ 90 bilhões, valor que teria sido subtraído por meio de empréstimos consignados fraudulentos e descontos não autorizados nos benefícios previdenciários. O ministro Vinícius Carvalho desmentiu categoricamente essa informação.
“Estão dizendo por aí que tem mais de R$ 90 bilhões de fraude. Não é verdade. O valor se refere ao total de consignados feitos no país. São empréstimos que as pessoas contraem com os bancos, isso não tem nada a ver com as investigações”, explicou.
Quanto ao valor de R$ 6,3 bilhões, mencionado por Nikolas como sendo o total desviado, a CGU esclareceu que essa quantia representa o total de descontos feitos por entidades associativas aos aposentados, mas que ainda está em investigação quantos desses descontos foram efetivamente irregulares ou não autorizados.
“Esse é o valor descontado dos aposentados por entidades associativas. O governo também está investigando em quantos desses casos o desconto associativo foi feito de forma irregular. O que está sendo investigado são os casos onde essas entidades fizeram descontos não autorizados pelos aposentados”.