
Justiça condena Nikolas Ferreira a indenizar artista por vídeo difamatório
A Justiça do Rio de Janeiro condenou o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) a pagar uma indenização de R$ 10 mil à artista Cecília Siqueira Neres Ramos, por danos morais causados após a publicação de um vídeo considerado difamatório. A decisão foi proferida pela juíza Maria Fernanda de Mattos Calil, do 27º Juizado Especial Cível da Capital.
O vídeo em questão foi divulgado pelo parlamentar mineiro em outubro de 2024 e, segundo o processo, associava o trabalho da artista a condutas criminosas e imorais. A publicação gerou ataques e ameaças à integridade de Cecília, conforme destacado nos autos do processo. A magistrada determinou que o vídeo seja removido do canal de Nikolas Ferreira no Telegram no prazo de até 10 dias úteis, sob pena de multa diária de R$ 1 mil, limitada ao valor máximo de R$ 30 mil.

A Justiça negou o pedido de retratação pública, mas deixou claro que a condenação não interfere na possibilidade de recursos por parte da defesa.
Segundo os autos, o conteúdo do vídeo já havia sido analisado anteriormente pela Justiça Eleitoral de Minas Gerais, que reconheceu sua natureza desinformativa e determinou sua retirada das redes sociais. No entanto, mesmo após essa decisão, o material continuava disponível no canal do deputado no Telegram, desrespeitando a determinação judicial.
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A juíza destacou que a principal questão era determinar se o vídeo estava protegido pela liberdade de expressão e pela imunidade parlamentar, garantidas pela Constituição. No entanto, o entendimento da magistrada foi de que o conteúdo excedeu os limites legais ao atacar diretamente a honra da artista, sem qualquer relação com a atividade legislativa do deputado.
“A análise dos autos demonstra que o vídeo foi objeto de ação eleitoral julgada procedente, com trânsito em julgado, em que se reconheceu expressamente a sua natureza desinformativa”, afirmou a juíza em sua sentença.
Ela também frisou que o vídeo foi produzido e divulgado fora do ambiente institucional, não tendo relação com função pública ou atividade legislativa concreta.
A defesa de Nikolas Ferreira
A defesa de Nikolas Ferreira alegou que a publicação se tratava de crítica política legítima, relacionada ao uso de verbas públicas e à suposta exposição de crianças a conteúdo impróprio. Mesmo assim, a juíza concluiu que não havia base fática comprovada para sustentar as acusações feitas no vídeo.
A decisão judicial ainda levou em consideração o impacto que a divulgação causou à vítima, incluindo mensagens de ódio recebidas, danos à sua imagem pública e prejuízos à carreira profissional. Para a magistrada, o valor da indenização está em conformidade com os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, diante da repercussão do caso e da persistência do vídeo na internet.
