
Lula liga para Macron e reforça repúdio ao tarifaço de Trump
Segundo nota divulgada pelo Palácio do Planalto, Lula repudiou o uso político de tarifas comerciais contra o Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) telefonou, nesta terça-feira (20), para o presidente da França, Emmanuel Macron. A conversa, que durou cerca de uma hora, tratou de temas centrais das agendas global e bilateral, incluindo comércio internacional, clima, guerra na Ucrânia e cooperação entre os dois países. Um dos pontos mais delicados abordados foi o tarifaço imposto por Donald Trump contra produtos brasileiros, medida que já motivou reação formal do governo junto à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Segundo nota divulgada pelo Palácio do Planalto, Lula repudiou o uso político de tarifas comerciais contra o Brasil e destacou que sua gestão tem adotado medidas para proteger empresas e trabalhadores nacionais. O presidente também informou a Macron que o Brasil apresentou recurso à OMC contra as tarifas impostas pelos Estados Unidos. Embora tenha afirmado que não reconhece a legitimidade de instrumentos unilaterais, como a Seção 301 utilizada por Washington, Lula explicou os esclarecimentos prestados por sua equipe à organização internacional.
A ligação ocorreu um dia depois de Macron se reunir com Donald Trump em Washington, em encontro que contou com outros líderes europeus e teve como foco a guerra na Ucrânia. O presidente brasileiro e o francês reafirmaram durante a conversa a defesa do multilateralismo e do livre comércio, além de compromisso em avançar em acordos internacionais.

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Entre os destaques, Lula mencionou a conclusão do Acordo MERCOSUL-EFTA e o empenho em abrir negociações com novos parceiros, como Japão, Vietnã e Indonésia. Ambos os presidentes também se comprometeram a intensificar o diálogo para assinar o aguardado Acordo MERCOSUL-União Europeia ainda neste semestre, durante a presidência brasileira do bloco.
No campo ambiental, Lula classificou a COP-30, que ocorrerá em Belém em 2025, como “a COP da verdade”, reforçando que será o momento em que ficará claro quais países acreditam na ciência climática. O presidente brasileiro destacou as metas já apresentadas pelo Brasil e cobrou maior ambição da União Europeia diante da crise climática. Macron confirmou presença na conferência e reiterou apoio à realização do evento na capital paraense.

Outro tema tratado foi a guerra na Ucrânia. Macron elogiou o papel desempenhado pelo Grupo de Amigos da Paz, liderado por Brasil e China, e concordou em manter o diálogo com Lula sobre o conflito. O petista, por sua vez, demonstrou preocupação com o aumento dos gastos militares em contraste com a fome que ainda atinge cerca de 700 milhões de pessoas no mundo. Ele destacou a saída do Brasil do Mapa da Fome da FAO e defendeu a reforma de instituições multilaterais para que a governança global seja mais democrática e representativa.
No âmbito bilateral, Lula e Macron acertaram o aprofundamento da cooperação em defesa, reforçando a parceria estratégica entre Brasil e França em áreas sensíveis de segurança e política internacional.