Durante uma coletiva de imprensa realizada neste sábado (7/6), em Paris, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a extrema-direita não voltará a governar o Brasil. Em um discurso, o presidente abordou temas centrais como o avanço do extremismo político, o combate às fake news nas eleições, o papel do Brasil no cenário internacional e os investimentos franceses no país, que devem ultrapassar R$ 100 bilhões nos próximos cinco anos.
Ao ser questionado sobre o futuro político do Brasil e possíveis candidaturas para as eleições de 2026, Lula respondeu:
“Estou olhando bem nos seus olhos: a extrema-direita não voltará a governar este país, sobretudo com um discurso negacionista, mentiroso, muitas vezes até canalha, sem respeitar pessoas, movimentos sociais, mulheres, negros, indígenas, ou seja, não vai ganhar.”
Veja:
Lula critica fake news e reforça enfrentamento à extrema-direita
Sem antecipar nomes ou alianças para o próximo pleito, Lula reforçou seu compromisso em impedir o retorno de projetos políticos que, segundo ele, se baseiam na desinformação e no desrespeito à democracia.
“Eles querem eleger a maioria no Senado, eu também quero. Eles querem eleger governadores, eu também quero. Agora eu posso dizer o seguinte: a extrema-direita não ganhará as eleições no Brasil. Não vai ser as fake news que vai fazer ela ganhar a eleição.”

O presidente também reforçou que a escolha de candidatos da base governista será feita no momento apropriado:
“Quando chegar no momento certo a gente vai escolher os nossos candidatos.”
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Brasil atrai R$ 100 bilhões em investimentos franceses
Um dos pontos altos da viagem de Lula à França foi o anúncio do compromisso de investimento por parte dos 15 maiores grupos empresariais franceses. O valor, de R$ 100 bilhões, será destinado ao Brasil nos próximos cinco anos. O presidente celebrou o resultado da missão, destacando o saldo positivo da agenda internacional.
“Estamos levando de volta ao Brasil o compromisso dos 15 maiores grupos da França de investirem R$ 100 bilhões no Brasil. Não sei quanto custou a viagem, mas sei o que estamos levando de volta.”

O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, comemorou o resultado, que superou as expectativas iniciais.
“Se antes da missão as expectativas eram de que esse valor chegaria a R$ 70 bilhões nos próximos anos, agora saímos muito satisfeitos com a previsão dos próprios empresários franceses de que os investimentos franceses no Brasil podem ser de R$ 100 bilhões em cinco anos”, completou Lula.
Segundo dados do Banco Central, o estoque de Investimento Estrangeiro Direto (IED) da França no Brasil cresceu 41% em 2023, alcançando US$ 78,4 bilhões.
Acordos com a França em defesa e tecnologia
Durante a viagem, Lula também propôs ao presidente francês Emmanuel Macron a ampliação do fluxo comercial entre os dois países, atualmente estimado em US$ 9 bilhões anuais. Para Lula, esse número é incompatível com a importância econômica de Brasil e França no cenário global.
“Disse ao Macron que nosso fluxo comercial, entre o Brasil, que é a oitava economia do mundo, e a da França, que é a quinta, seja apenas de US$ 9 bilhões.”
O presidente também demonstrou interesse em firmar acordos estratégicos com os franceses nas áreas de defesa e tecnologia, incluindo a produção de helicópteros da Helibrás para atender demandas brasileiras e latino-americanas.

Autonomia diplomática e crítica à postura subserviente
Lula também destacou a necessidade de o Brasil abandonar uma postura submissa diante de países desenvolvidos. Ele pediu maior ambição aos diplomatas brasileiros e defendeu uma atuação mais firme e respeitada do país no cenário internacional.
“O Brasil às vezes se comporta diante dos países europeus como se fôssemos colonizados, como se nossa relação fosse subserviente. O Brasil precisa deixar de ser pequeno. Os nossos embaixadores precisam pensar grande. A gente não é menor do que ninguém.”
“Acabou o momento em que o Brasil não era levado em conta. O Brasil hoje se faz respeitar. Nós somos do Sul Global e não devemos nada a ninguém.”