Nesta quinta-feira (4/1), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu em defesa do padre Júlio Lancelotti que virou alvo de uma CPI da Câmara Municipal de São Paulo. A decisão de instalar a Comissão é para investigar as organizações não governamentais (ONGs) que atuam na Cracolândia, na região central da capital paulista.
Em uma publicação na sua conta do X (ex-Twitter), o Lula deu “graças a Deus” por existirem figuras como o religioso na capital paulista para “dar amparo a quem mais precisa”. A previsão é que os trabalhos da CPI comecem em fevereiro, quando os vereadores voltam do recesso.
“Graças a Deus a gente tem figuras como o Padre Júlio, na capital de São Paulo, que há muitos e muitos anos dedica a sua vida para tentar dar um pouco de dignidade, respeito e cidadania às pessoas em situação de rua. Que dedica sua vida a seguir o exemplo de Jesus. Seu trabalho e da Diocese de São Paulo são essenciais para dar algum amparo a quem mais precisa”, escreveu.
Leia mais:
Câmara de SP vai abrir CPI para investigar ONGs e padre Julio Lancellotti
Ministros disputam espaço no governo de olho na sucessão de Lula, dizem fontes
A CPI das ONGs foi proposta pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil). Ele acusa as ONGs de promoverem uma “máfia da miséria”, que “explora os dependentes químicos do centro da capital”. O vereador diz que duas entidades serão prioridade nas investigações conduzidas pela comissão: o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecido como Bompar, e a Craco Resiste. Rubinho vincula o Bompar ao padre Júlio.
O religioso já declarou, mais de uma vez, que conta apenas com doações e voluntários, não dirige nem tem parceria formal com nenhuma instituição. Integra apenas a Paróquia São Miguel Arcanjo. Também já disse que apenas foi conselheiro, não remunerado, da Bompar. Deixou há 17 anos a posição no conselho deliberativo da entidade.
A iniciativa de Rubinho Nunes para investigar o padre Júlio Lancellotti provocou embates nas redes sociais, com personalidades e entidades ligadas à esquerda criticando a abertura da CPI das ONGs. O nome do religioso foi parar nas trends das redes sociais.
Arquidiocese de SP diz estar perplexa com CPI contra padre
Em nota, a Arquidiocese de São Paulo diz que: “Na qualidade de Vigário Episcopal para a Pastoral do Povo da Rua, Padre Júlio exerce o importante trabalho de coordenação, articulação e animação dos vários serviços pastorais voltados ao atendimento, acolhida e cuidado das pessoas em situação de rua na cidade”, defende, o órgão da Igreja Católica.
“Reiteramos a importância de que, em nome da Igreja, continuem a ser realizadas as obras de misericórdia junto aos mais pobres e sofredores da sociedade”, conclui o texto.