O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou na quarta-feira (2/7) em Buenos Aires, Argentina, com uma agenda política que expõe o distanciamento diplomático entre o Brasil e o governo do presidente argentino Javier Milei. Nesta quinta-feira (3/7), participa da cúpula do Mercosul na capital argentina, mas não terá nenhum encontro oficial com Milei, rompendo com a tradição de reuniões bilaterais entre chefes de Estado durante os eventos do bloco sul-americano.
Ao invés disso, o presidente brasileiro incluiu em sua agenda um encontro com a ex-presidenta argentina Cristina Kirchner, que atualmente cumpre medida restritiva em casa após ser condenada por corrupção. Esta é a primeira visita de Lula à Argentina desde que Milei assumiu a presidência, em dezembro de 2023.
A ausência de diálogo entre Lula e Milei reforça o desgaste entre os dois líderes, que começou ainda durante a campanha eleitoral argentina, marcada por declarações agressivas de Milei contra o petista e o Partido dos Trabalhadores. A tensão aumentou em 2024, quando Milei esteve no Brasil, mas se reuniu apenas com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ignorando o governo federal.
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A cúpula do Mercosul, que acontece em Buenos Aires, oficializa a transferência da presidência rotativa do bloco da Argentina para o Brasil. O evento também foi marcado pelo anúncio de um novo acordo entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), composta por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein.
Segundo o Itamaraty, a aliança criará uma zona de livre comércio que beneficiará cerca de 300 milhões de pessoas e representará um Produto Interno Bruto (PIB) combinado de mais de 4,3 trilhões de dólares.
Durante a cerimônia, o cumprimento entre Lula e Milei foi breve e formal: nenhum abraço, quase nenhum sorriso. A frieza já era esperada, pois ambos são adversários políticos declarados, com visões antagônicas sobre economia e sociedade.

O governo brasileiro tem a intenção de formalizar esse pacto até o fim de 2025. Paralelamente, o Planalto também trabalha para destravar a ratificação do tratado Mercosul-União Europeia, firmado em 2023 após mais de duas décadas de negociações, mas que ainda depende de aprovação por países dos dois blocos.