O Ministério das Relações Exteriores (MRE) disse nesta quarta-feira (11) que o Brasil tem uma posição “clara” contra o terrorismo, mas que a decisão sobre a classificação do grupo extremista Hamas como terrorista cabe à Organização das Nações Unidas.
O governo brasileiro não classifica o Hamas como organização terrorista, mesmo após os ataques que o grupo realizou contra Israel no último final de semana.
O embaixador Carlos Sérgio Sobral Duarte, secretário de África e de Oriente Médio do Itamaraty, externou a posição do Brasil sobre a questão à imprensa. Ele falou:
“O Brasil, logo em seguida a esses ataques, os condenou, e o presidente da República, logo em seguida também, condenou atos terroristas e repudiou terrorismo — ainda mais no caso de ataques à população civil. Essa posição do Brasil é muito clara e é muito forte.
Os desdobramentos políticos de um conflito, como o conflito Israel e Palestina, é algo que está sendo tratado pelo Conselho de Segurança — no momento, no mês de outubro, presidido pelo Brasil. Essas questões evidentemente estarão e serão objeto de consideração no âmbito do Conselho de Segurança”.
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Duarte também afirmou:
“Com relação ao Conselho de Segurança, o Brasil chamou uma reunião de emergência, logo em seguida ao início das hostilidades lá. Como sabemos, essa reunião foi a portas fechadas, com o presidente do Conselho de Segurança, o embaixador Sérgio Danese, nosso representante junto às Nações Unidas, está, no momento, engajado em consultas com os membros do Conselho de Segurança. São 15 membros, como se sabe. E aí, dentro do Conselho de Segurança, cada um desses membros têm suas posições em relação ao conflito Israel e Palestina. Por enquanto, não há indicação clara sobre quando poderia haver uma outra reunião”.
Historicamente, o Brasil sempre adotou a postura de só aceitar classificar uma organização como terrorista em caso de manifestação nesse sentido pela ONU. Desde o início dos ataques do Hamas a Israel no último dia 7, o presidente Lula e o Itamaraty tem condenado os ataques, mas sem mencionar o grupo árabe.
Só na tarde de hoje, 11, o presidente Lula citou o Hamas por nome, em apelo pela libertação dos reféns sequestrados no final de semana, no comunicado mais contundente até agora do Brasil sobre o conflito atual entre Israel e Palestina.
Dois cidadãos brasileiros já tiveram suas mortes confirmadas em virtude dos ataques do Hamas. Outras duas brasileiras ainda constam como desaparecidas.
Nesta quarta, o exército de Israel informou que existem brasileiros entre a cerca de uma centena de reféns sequestrados pelo Hamas durante os ataques, mas o Itamaraty contestou a informação.