Em meio a alta do dólar, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cancelou a viagem que faria à Europa, nesta segunda-feira (04/11), para se dedicar à definição das medidas do pacote de corte de gastos do governo federal. Durante a viagem, Haddad passaria por Paris (França), Londres (Reino Unido), Berlim (Alemanha) e Bruxelas (Bélgica), onde se reuniria com autoridades e conversaria com investidores.
O cancelamento foi um pedido do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que espera contar com o ministro para “temas domésticos” do país. Segundo nota do Ministério da Fazenda, a agenda será retomada em outro momento mais oportuno.
A decisão ocorre após estresse do mercado financeiro com a demora do anúncio das medidas de corte de gastos, que elevou as incertezas fiscais sobre a sustentabilidade da dívida pública num cenário de alta dos juros no Brasil.
O dólar fechou em disparada de 1,52% nesta sexta-feira (1°), cotado a R$ 5,869, o maior patamar para a moeda norte-americana desde o início da pandemia, quando, em 15 de maio de 2020, esteve cotada a R$ 5,841.
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A forte alta veio em resposta à proximidade das eleições presidenciais dos Estados Unidos, à medida que o candidato republicano, Donald Trump, amplia seu favoritismo no mercado de apostas.
A moeda, que chegou a bater R$ 5,762 na mínima, disparou no final da tarde. Um dos fatores foi a notícia da viagem de Haddad à Europa, o que implicava que um anúncio de cortes de gastos não seria feito nos próximos dias. O volume de negociação esteve dentro da média dos dias anteriores, segundo especialistas.
Os detalhamentos do pacote de corte de gastos ainda estão sendo acertados. Apesar da pressão de investidores e de integrantes do mercado financeiro, o presidente Lula não tem pressa para apresentar as medidas, segundo auxiliares.
A proposta foi discutida amplamente com Lula pela primeira vez na semana passada, em uma reunião no Palácio da Alvorada.
Uma das preocupações do Palácio do Alvorada é alinhar internamente as medidas para evitar o risco de retrocesso nas discussões, já que há ministros descontentes por não terem sido até agora consultados pela equipe econômica para discutir medidas que tratam de políticas executadas pelas suas pastas.
*Com informações da Agência Brasil e Folha de S.Paulo