Após dias de paralisação e negociações intensas, a greve dos trabalhadores da construção civil de Manaus chegou ao fim na manhã desta quinta-feira (03/07), segundo lideranças do movimento. O desfecho positivo foi alcançado com o apoio do ex-vereador da Câmara Municipal de Manaus (CMM), Sassá da Construção Civil (PT), que atualmente ocupa o cargo de secretário extraordinário da Prefeitura de Manaus. Ele acompanhou os atos e participou das articulações em defesa dos direitos dos operários.
Sassá celebrou a mobilização da categoria e classificou o resultado como uma vitória histórica.
“Foi uma vitória histórica. O patrão não queria dar aumento aos trabalhadores, nem reajustar o valor da cesta básica. Queria marcar falta para cortar o dia de quem aderisse à greve. Além disso, os empreiteiros não tinham direito à cesta básica, e agora conseguimos garantir que todos receberão, mesmo que haja apenas um trabalhador contratado. Antes era necessário ter ao menos 35 funcionários. Isso é inédito. Colocamos no documento que ninguém levará falta e todos receberão a cesta, inclusive os que participaram da greve. Negociamos o valor da cesta agora e o restante ficará para janeiro. Outro avanço importante é a negociação por faixa salarial, que faremos em janeiro com os montadores, que também vão definir o próprio piso salarial”, destacou o ex-parlamentar.
Sassá também mencionou a participação ativa das mulheres na greve e reconheceu a força da mobilização coletiva.
“Se a gente for trabalhar por R$ 2 mil, só se todo mundo aceitar. Mas se todos pararem, conseguimos os R$ 2.300. Os homens que estão aqui, junto com as mulheres, representaram mais de 30 mil trabalhadores. É por isso que eu tenho orgulho da minha classe, que é guerreira”, completou.
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Manifestações e reivindicações
O movimento, que mobilizou cerca de 30 mil trabalhadores, exigia melhoria salarial, reajuste no valor da cesta básica, proteção contra punições e igualdade no acesso a benefícios. Um dos pontos mais comemorados foi a conquista da cesta básica para todos os trabalhadores, incluindo empreiteiros, independentemente do número de contratados por empresa — uma mudança considerada inédita no setor.
Inicialmente, os trabalhadores apresentaram uma proposta de reajuste salarial de 12%, que foi rejeitada pelos empresários, que ofereceram apenas 5%. Em nova rodada de negociação, os patrões propuseram 7%, divididos em 5% agora e mais 2% em janeiro de 2026 — proposta que também foi recusada. Apesar das dificuldades, um acordo intermediário foi firmado, garantindo avanços imediatos e novas negociações para o início do próximo ano.
Principais conquistas do acordo:
- Reajuste salarial a partir de julho
- Cesta básica no valor de R$ 600 para todos os trabalhadores
- Garantia de que não haverá faltas ou descontos para quem participou da greve
- Negociação por faixa salarial marcada para janeiro de 2026
- Participação ativa dos montadores na definição do novo piso da categoria
O montador Luiz Carlos Ramos celebrou o resultado:
“Um salário justo de R$ 2.300 e uma cesta básica de R$ 600 é o mínimo que pedimos para voltar a trabalhar com dignidade.”
Outro trabalhador, o montador Elizomar Amorim, relatou o processo de negociação:

“A gente apresentou uma pauta de 12%. Os empresários rejeitaram e ofereceram apenas 5%. Ontem tivemos uma reunião na qual tínhamos esperança de avanço. Eles ofereceram mais 2%, mas parcelado: 5% agora e 2% só em janeiro. Não houve acordo.”
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