Neste final de semana, uma fala do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) vem provocando uma polêmica generalizada: em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ele defendeu ações de um consórcio de estados do Sul e Sudeste para atuar no Congresso Nacional contra perdas econômicas provocadas por políticas que beneficiariam estados do Norte e Nordeste.
Zema afirmou na entrevista que o consórcio existe: o bloco se chama Cossud (Consórcio Sul-Sudeste) e é presidido pelo governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). Zema é opositor do governo Lula.
Ele afirmou:
“Outras regiões do Brasil, com estados muito menores em termos de economia e população se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos. Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso.
Temos feito o mesmo trabalho com o senadores de nossos estados e o que nós queremos é que o Brasil pare de avançar no sentido que avançou nos últimos anos —que é necessário, mas tem um limite— de só julgar que o Sul e o Sudeste são ricos e só eles têm que contribuir sem poder receber nada.
Está sendo criado um fundo para o Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Agora, e o Sul e o Sudeste não têm pobreza? Aqui todo mundo vive bem, ninguém tem desemprego, não tem comunidade…Tem, sim. Nós também precisamos de ações sociais. Então Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta? Isso não pode ser intensificado, ano a ano, década a década”.
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A entrevista gerou reações imediatas de políticos ligados à esquerda e governadores de estados do Nordeste. Veja abaixo:
REVOLTANTE. Depois de elogiar Bolsonaro, o governador de MG, Romeu Zema, disse que o Nordeste é uma "vaquinha" que "produz pouco" e disse que às críticas à concentração de renda no país "tem de ter limite". Preconceituoso e nojento!
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) August 5, 2023
O governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT-PI), chamou Zema de “maior inimigo da federação” em seu perfil no Twitter:
No momento em que o nosso país mais precisa de união, o Governador Zema, de Minas Gerais, em sua entrevista ao Estadão, revela-se o maior inimigo da federação brasileira. Quem apostar contra a união do povo brasileiro vai perder!!! https://t.co/G2pT1AJnye
— Rafael Fonteles (@RafaelFonteles_) August 6, 2023
O Consórcio Nordeste, presidido pelo governador da Paraíba, João Azevedo (PSB), emitiu nota a respeito da fala de Zema. A nota diz:
“Negando qualquer tipo de lampejo separatista, o Consórcio Nordeste imediatamente anuncia em seu slogan que é uma expressão de “O Brasil que cresce unido”. Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução, a referida entrevista parece aprofundar a lógica de um país subalterno, dividido e desigual”.
Além disso, o ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que a fala de Zema “atenta contra a Constituição”, e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que o “tamanho da população não pode ser o único critério para medir a importância política de cada região”.
Diante da repercussão da sua fala, Zema publicou mensagem no Twitter, afirmando que sua intenção nunca foi diminuir outras regiões. Veja abaixo:
A união do Sul e Sudeste jamais será pra diminuir outras regiões. Não é ser contra ninguém, e sim a favor de somar esforços. Diálogo e gestão são fundamentais pro país ter mais oportunidades. A distorção dos fatos provoca divisão, mas a força do Brasil tá no trabalho em união.
— Romeu Zema (@RomeuZema) August 6, 2023