O general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), depõe hoje, 31, à CPI dos Atos Golpistas, em Brasília. Ele começou fazendo um pronunciamento inicial de cerca de 15 minutos, e em seguida começou a responder perguntas dos parlamentares.
Enquanto parlamentares de oposição tentam emplacar a tese de que houve omissão do GSI no dia dos atos golpistas, Dias afirmou que “deveria ter sido mais duro” na repressão dos atos de vandalismo de 8 de janeiro. Ele disse:
“Tendo conhecimento agora da sequência dos fatos que nos levaram até aquelas agressões de vândalos e, também, da ineficiência dos agentes que atuavam na execução do Plano Escudo aprovado com a coordenação de diversos órgãos civis e militares de segurança pública, seria mais duro do que fui na repressão”.
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Questionado sobre se os militares colocados em cargos de confiança pelo governo anterior no GSI sabotaram a segurança no dia 8 de janeiro, Dias disse que quer acreditar que não, mas defendeu punição de possíveis envolvidos nos atos golpistas dentro do GSI.
A relatora da CPMI senadora Eliziane Gama (PSD-MA) perguntou a Dias se houve sabotagem, visto que o Gabinete manteve, até o dia 8 de janeiro, quase todos os militares nomeados pelo ex-ministro que ocupava o cargo no governo Bolsonaro, o general Augusto Heleno. Dias respondeu:
“Eu herdei uma estrutura. Na primeira semana não deu para mudar nada. Mas eu quero acreditar que isso [sabotagem] não seja verdade. Nós temos que acreditar que as Forças Armadas são organizações de Estado, não de governo. Se houve algum erro, esse erro tem que ser apurado e a pessoa tem que ser punida”.
Gonçalves Dias foi exonerado do Gabinete de Segurança Institucional após a CNN Brasil divulgar vídeos dele no interior do Palácio do Planalto, conversando e aparentemente orientando manifestantes golpistas no local.
Na noite de quarta, 30, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Cristiano Zanin, autorizou Dias a ficar em silêncio perante a CPI, para não se autoincriminar.