Manuela D’Ávila, que foi candidata à vice-presidência do Brasil na chapa de Fernando Haddad pelo PT na eleição de 2018, esteve hoje, 11, no estúdio da rede Onda Digital no programa Fiscaliza Geral. Ela está em Manaus a convite de organizações para fazer debates com a militância de esquerda sobre a política brasileira, fake news, comunicação e a participação das mulheres na atividade.
Manuela falou sobre o momento da esquerda no Amazonas:
“O Brasil como um todo passou por um momento delicado. O Amazonas viu o impacto nefasto da crise dos respiradores durante a pandemia, e lá do outro lado do país eu vi o desespero da população. Os últimos resultados eleitorais impactaram a esquerda, e entra aí a tecnologia: muitos políticos mais antigos não conseguem se relacionar com a população por causa da questão das redes sociais.
O fenômeno que aconteceu aqui, de o presidente Lula ganhar no interior do Amazonas e perder na capital, aconteceu em outros locais do país também. No Sul, em Porto Alegre, Lula ganhou a eleição e perdeu no interior. São locais com diferentes constituições econômicas, a capital e o interior. Bolsonaro apresentava questões mais fáceis de serem compreendidas, era o homem das palavras fáceis porque era um covarde. Vivemos momentos de dor, de desespero nos últimos anos, agravados pela gestão bolsonarista, e o que ele falava era assimilado por uma população desesperada”.
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Ela também falou sobre o problema das fake news e como vem complicando o processo político:
“Faz 20 anos, desde a época do Orkut, que o ambiente virtual é usado no fazer político, para se comunicar com as pessoas. A tecnologia mudou a política, incluindo na questão da transparência. Mas ela começou a ser usada para facilitar posições extremistas. Existem questões ligadas ao negócio das plataformas: elas ganham dinheiro com o ódio. O conteúdo extremo, o de ódio, é o que movimenta o negócio das plataformas. Não é só a desinformação, é aquela que é casada com o ódio, os conceitos andam juntos. Os políticos começaram a usar isso há muito tempo, e boa parte da classe política vem se dando conta disso nos últimos anos. Eu e outros políticos fomos alvos de verdadeiras campanhas na última década, e as pessoas comuns acreditam. A ascensão da extrema direita no país se deve a isso.
Quanto a ataques em escola, esse tipo de coisa acontece há anos, conteúdos extremistas sendo veiculados em sites. Mas havia uma resistência da política e das instituições em perceber como a internet ia se conectando com os problemas do país. Esse é um problema mundial, e agora o Brasil tem a oportunidade com o PL 2630 de enfrentar isso, que simplesmente estabelece regras para as empresas”.
Veja trecho da entrevista de Manuela D’Ávila abaixo:
Os debates com Manuela D’Ávila vão acontecer no Palácio da Justiça e no Largo São Sebastião, hoje. A entrevista completa com ela pode ser vista aqui.