O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), anunciou nesta sexta-feira (2/5) sua saída do governo federal. A decisão ocorre em meio à crise provocada pelas investigações sobre um esquema bilionário de fraudes envolvendo descontos indevidos em aposentadorias e pensões pagas pelo Instituto Nacional de Segurança Social (INSS).
Lupi comunicou sua demissão por meio das redes sociais: “Entrego, na tarde desta sexta-feira (2), a função de Ministro da Previdência Social ao presidente Lula, a quem agradeço pela confiança e pela oportunidade”. Apesar da crise, o agora ex-ministro afirmou que seu nome não aparece nas investigações. “Todas as apurações foram apoiadas desde o início por mim e pelas áreas da Previdência”, disse.

Aliado histórico do PT e presidente licenciado do PDT, Lupi chefiava a pasta desde o início do governo Lula. Ele será substituído por Wolney Queiroz, ex-deputado federal e secretário-executivo da Previdência, considerado braço-direito do ex-ministro.
O escândalo veio à tona após operação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), que descobriu que associações cadastravam aposentados no sistema do INSS sem consentimento, utilizando assinaturas falsas para aplicar descontos mensais em seus benefícios. As irregularidades ocorreriam desde 2019, ainda no governo Jair Bolsonaro, e continuaram no atual mandato de Lula. O prejuízo estimado chega a R$ 6,3 bilhões.
Na última semana, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto — indicado por Lupi —, já havia sido afastado do cargo.
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Durante pronunciamento no Dia do Trabalhador, Lula afirmou que as entidades envolvidas serão responsabilizadas. “Determinei à Advocacia-Geral da União que as associações que praticaram cobranças ilegais sejam processadas e obrigadas a ressarcir as pessoas lesadas”, declarou.
Apesar de aliados do Planalto ainda defenderem Lupi, argumentando que não há provas de seu envolvimento direto, o desgaste político tornou sua permanência inviável. A pressão veio inclusive de dentro do PDT, legenda que ocupa três cadeiras no Senado e 17 na Câmara. O apoio do partido é considerado estratégico para um governo que enfrenta dificuldades para formar maioria no Congresso.
A Polícia Federal aponta como principal articulador do esquema o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, sócio de 22 empresas ligadas à fraude. Durante a operação, foram apreendidos bens de luxo, como uma Ferrari, relógios caros, joias e grandes quantias em dinheiro.
A queda de Lupi amplia o desafio de Lula para recompor alianças políticas e preservar o apoio parlamentar num cenário já frágil no Congresso Nacional.