Nessa terça-feira (19/11), a Polícia Federal desdobrou uma operação que prendeu quatro militares e um agente da PF acusados de participar do plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
A trama, segundo as investigações, foi engendrada por um grupo chamado “kids pretos”, composto por militares da ativa e da reserva com especialização em operações especiais.
O plano teria surgido no contexto de uma tentativa de golpe de Estado após a derrota eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro em 2022. Documentos, mensagens interceptadas e deslocamentos rastreados pela PF detalham uma integração complexa que envolve altos custos logísticos, arsenal militar pesado e monitoramento minucioso das potenciais vítimas.
Cronologia do plano
12 de novembro de 2022
Teria acontecido uma reunião no bloco residencial onde vivia o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e aliado de Bolsonaro. A convocação teria partido de Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro, que especifica o encontro com o major Rafael de Oliveira, conhecido como “Joe”.
14 a 15 de novembro de 2022
Dois dias após suposta reunião, os participantes teriam discutido estimativas de custos para o plano, que incluíam despesas com deslocamento, alimentação e materiais. A cifra inicial de R$ 100 mil foi definida e aprovada.
21 a 23 de novembro de 2022
A PF constatou que membros do grupo “kids pretos” teriam realizado visitas a locais estratégicos em Brasília, incluindo a quadra do apartamento funcional de Alexandre de Moraes. Os veículos comercializados foram usados para facilitar os deslocamentos.
6 de dezembro de 2022
Mário Fernandes, general da reserva e então secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, teria imprimido o documento intitulado “Punhal Verde e Amarelo” . O relatório operacional detalhava itens necessários, como pistolas, fuzis e lança-granadas, revelando o poder bélico planejado para o golpe.
8 de dezembro de 2022
Áudios trocados entre Mauro Cid e Mario Fernandes indicariam que o então presidente Bolsonaro teria sido esclarecido dos detalhes do plano. O general expressou preocupação com a demora para a execução, enfatizando a urgência.
9 de dezembro de 2022
Bolsonaro se reuniu com o comandante do Comando de Operações Terrestres, general Estevam Cals Theophilo, para discutir um decreto que instituiria um Estado de Defesa, segundo a PF. Esse documento seria usado para justificar a prisão de Moraes.
10 de dezembro de 2022
Mensagens recuperadas pela PF mostram que Mauro Cid teria acompanhado a rota de Moraes para o evento de diplomação de Lula, planejado para dois dias depois. Os dados foram apagados, mas recuperados pelas autoridades.
12 de dezembro de 2022
No dia da diplomação, mensagens entre Cid e Marcelo Câmara, assessor de Bolsonaro, indicariam hesitação e mudança nos planos. Apesar disso, as mensagens confirmariam que o grupo continuaria comprometido com a execução.
13 a 24 de dezembro de 2022
Durante esse período, Wladimir Matos Soares, agente da PF, teria monitorado a segurança de Lula e revelado informações sobre potenciais brechas no esquema de segurança do presidente eleito. Paralelamente, o grupo “kids pretos” se posicionou em locais estratégicos de Brasília, mas as operações foram abortadas em cima da hora.
16 de dezembro de 2022
Um documento revelado pela PF apontou que o “Gabinete Institucional de Gestão de Crise” seria instaurado neste dia, caso o plano tivesse sido executado. A estrutura seria liderada pelo general Augusto Heleno, então chefe do GSI.
8 de janeiro de 2023
A invasão das sedes dos Três Poderes em Brasília foi o culminar de semanas de melhoria golpista. A PF investiga se os “crianças pretas” participaram dessa tentativa de ruptura democrática.
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