Tic…tac…tic…tac… O som do relógio que marca o início das pré-campanhas começa a ecoar mais alto. Nas eleições do próximo ano, o Amazonas terá apenas duas vagas em disputa no Senado, ocupadas atualmente por Eduardo Braga (MDB) e Plínio Valério (PSDB). Ambos deverão concorrer à reeleição se desejarem continuar no cargo.
Omar Aziz, não faz parte desse cenário por ter sido eleito em 2022, garantindo seu mandato até 2030, mas com grandes chances de disputar o Governo do Amazonas.
Com o passar do tempo, as articulações políticas para as eleições de 2026 se intensificam no Amazonas, com os principais nomes que devem disputar as duas vagas ao Senado Federal se posicionando e movimentando peças no tabuleiro político.
Cada um enfrenta suas próprias barreiras, mas apesar de ser um cenário turbulento e desafiador, ambos têm uma base sólida e no interior do Estado, um por um vai se aprimorando para disputar a guerra fria que está se moldando para as cadeiras do Senado Federal.
Eduardo Braga conquistou um destaque nacional por atuar em pautas relevantes e de assuntos amplamente discutidos no Senado, dentre eles a Reforma Tributária, onde, este ano, será relator da 2ª parte da regulamentação do tema.
Plínio Valério mantém uma postura inabalável que dura até os tempos atuais. Engajado em temas voltados à Zona Franca de Manaus, BR-319, além de integrar 11 comissões do Senado.
Mas para falar do possível futuro desses nomes, precisamos voltar um pouco no tempo. Tic…tac…tic…tac..
Eleições 2018
Com 99,32% das urnas apuradas, o deputado estadual Plínio Valério (PSDB) foi eleito senador e Eduardo Braga (MDB) foi reeleito para o Senado pelo Amazonas para um mandato até 2026. À época, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) deixaria o Senado.
Mas veja só o quantitativo de votos que cada um recebeu:
- Plinio Valério (PSDB): 834.535
- Eduardo Braga (MDB): 606.675
- Luiz Castro (REDE): 581.527
- Alfredo (PR): 569.105
- Vanessa (PCdoB): 373.688
- Hissa Abrahão (PDT): 282.679
- Luiz Fernando (PSOL): 27.488
- Rondinely Fonseca (PSOL): 14.650
PORCENTAGEM DE VOTOS: BRAGA
Se colocarmos os cinco primeiros municípios em que Braga foi mais votado, veremos um perceptual significativo.
PORCENTAGEM DE VOTOS: PLÍNIO
Valério por sua vez, teve a maior porcentagem na capital amazonense, seguido dos demais municípios do AM.
Aqui podemos observar que a atuação dos dois, no interior do estado, sempre foi uma disputa de quem consegue mais eleitorado. Braga, tem uma forte base política nos municípios, com muitos votos vindo das alianças com prefeitos. Um grande articulador.
Plínio por sua vez, teve um amplo favoritismo na capital amazonense, não deixando de lado as cidades do interior. Mas para as próximas eleições, vai ter que “mapear” todos os prefeitos e municípios.
Quem já se antecipou, foi Braga, que deu o “start” com prefeitos de quatro municípios do interior do Amazonas: Alvarães, Japurá, Tefé e São Paulo de Olivença. A reunião chamou atenção por demonstrar a estratégia voltada ao interior, para as eleições de 2026.
E será a partir disso que o relógio passa a contar mais rápido essa corrida eleitoral.
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Dança das cadeiras
Em 2025 muitos nomes surgiram para adversários nessa disputa e com isso, a eleição passará a ser mais intensa.
Após disputar o segundo turno das eleições municipais contra David Almeida (Avante) no ano passado, o deputado federal Capitão Alberto Neto (PL) recebeu a benção do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para entrar na disputa pela cadeira federal.
“Você vai para o Amazonas, por exemplo, deve ser o Capitão Alberto que foi candidato a prefeito e foi para o segundo turno, talvez seja ele. Assim, você está se acertando pelo Brasil”, afirmou Bolsonaro, reforçando sua influência nas articulações eleitorais do partido, durante entrevista ao vivo ao programa de Léo Dias, transmitida pelo YouTube.
Alberto Neto obteve 479.297 votos, correspondendo a 45,41% do total. Enquanto David garantiu a reeleição com 576.171 votos, o que representa 54,59%. Mesmo com a “derrota nas urnas” Alberto surpreendeu os adversários políticos ao chegar no segundo turno, o quantitativo trouxe mais visibilidade.
Wilson Lima (UB), Governador do Amazonas, ainda não deixou oficialmente claro seus planos para 2026. Mas em uma entrevista à Rede Onda Digital, foi franco em dizer que é natural um govenador disputar o cargo para o Senado.
“O caminho natural de quem foi govenador e se reelege para um segundo mandato, é de ir para o Senado”, afirmou Wilson Lima para o Meio Dia com Jefferson Coronel.
Porém a escolha vai depender das conversas com seu grupo politico e, além disso, do apoio popular.
Marcelo Ramos, ex-deputado federal, também falou à Rede Onda Digital o desejo de concorrer uma vaga ao Senado ano que vem. Mas dependerá do projeto político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Se você perguntar qual é o meu desejo, meu desejo é de ser candidato a senador nas próximas eleições, mas esse desejo está submetido ao que for melhor para o fortalecimento do projeto do presidente Lula em Manaus e no Amazonas”, afirmou.
Considerando que a esquerda sempre lança candidato e que este terá o apoio do presidente Lula (PT), tudo indica que essa será uma das eleições mais disputadas da história.
Movimentações
Muitas mudanças podem acontecer até a chegada de 2026. Existem muitos interessados em realizar uma plena articulação para viabilizar o processo do pleito. Marcos Rotta, secretário-chefe da Casa Civil da Prefeitura de Manaus, pode ser um desses nomes.
Com uma carreira politica extensa, Rotta tem uma peculiaridade: ele transita da extrema direita à extrema esquerda.
Entre as candidaturas, não é incomum presença dos chamados “puxadores de votos”. A estratégia fornece àqueles que, devido o reconhecimento, têm um desempenho acima da média nas urnas e, com isso, podem ajudar a eleger outros candidatos do mesmo partido ou federação.
Como uma boa peça no tabuleiro, Rotta sabe conversar como ninguém. Tem experiência em negociar, um bom papo. Embora tenha se contentado a um gabinete, Rotta pode ser um bom candidato para puxar uns votos e desarticular adversários.
Muitos candidatos e poucas cadeiras, o que isso pode nos dizer?
Bom, vimos que existem mais nomes cotados para disputa em comparação a quantidade de vagas. Muito se fala no grande número de candidatos que colocam seus nomes na disputa eleitoral. E realmente, existe um excesso, mas que não foge da ilegalidade.
A Lei nº 9.504 de 1997 prevê que cada partido político dispute as eleições com mais candidatos do que os cargos em jogo (ou a serem preenchidos). Isoladamente, pode concorrer com uma vez e meia o número de vagas. Já a coligação, com o dobro de candidatos. Por isso, pode existir muitos candidatos.
Com a necessidade de que o partido político atinja um determinado número de votos para ocupar uma quantidade de cadeiras, é necessário, por vezes, lançar mão de vários candidatos para que, embora sem condições de serem eleitos, os votos dados a eles contribuam para compor o quantitativo necessário para que a agremiação partidária obtenha uma vaga.
Com isso, os recursos são pulverizados e dificulta ainda mais os eleitores que são bombardeados de propagandas eleitorais no rádio e na televisão.
Ao todo, o Amazonas contou com 1.446.122 eleitores aptos a votar para escolher o prefeito e o vice-prefeito na última eleição. Os maiores colégios eleitorais são Manaus (1.446.122), Manacapuru (79.352), Itacoatiara (74.620) e Parintins (72.136).
Ademais, a conscientização do eleitorado na escolha dos candidatos que, embora tenha mais opções de escolha, pode aproveitar para olhar de fato as propostas de cada um e escolher seu representante com mais segurança.
O fato é que, quem ficar de pé, vai perder a cadeira do Senado, e cabe ao eleitorado decidir quem senta e quem sai de mansinho.
2026 já começou!