A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a mais de 10 anos de prisão, pode ser detida a qualquer momento em território italiano, conforme afirmou nesta quinta-feira (12/6) o embaixador do Brasil na Itália, Renato Mosca. A parlamentar está na lista de difusão vermelha da Interpol e é considerada foragida da Justiça brasileira.
Segundo o diplomata, as autoridades judiciais italianas acataram o pedido de prisão provisória para fins de extradição feito pelo governo brasileiro. “Ela pode ser presa em qualquer local que não seja considerado inviolável, como sua residência ou quarto de hotel”, explicou Mosca em entrevista ao canal GloboNews. “As forças policiais italianas estão mobilizadas para localizá-la.”
Zambelli é acusada de ter ordenado a invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2023, em parceria com o hacker Walter Delgatti Neto. A invasão resultou na inserção de mandados de prisão falsos, incluindo um contra o ministro Alexandre de Moraes. O STF determinou pena de 10 anos e 8 meses em regime fechado para a deputada.
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Após a condenação, Zambelli deixou o Brasil passando pela fronteira com a Argentina, seguiu para os Estados Unidos e depois para a Itália, onde se encontra atualmente. O pedido formal de extradição foi enviado pelo STF ao Ministério da Justiça e, agora, tramita oficialmente junto ao governo italiano.
Embora possua cidadania italiana, o embaixador esclareceu que a Constituição da Itália não impede, por princípio, a extradição de ítalo-brasileiros. “A decisão cabe exclusivamente à Justiça e ao governo italianos, mas há jurisprudência favorável e a cooperação penal entre os dois países é eficaz”, destacou Mosca. Segundo ele, em 2025, já houve pelo menos uma extradição de um cidadão com dupla nacionalidade.
Zambelli, atualmente licenciada do mandato por 127 dias — período em que será substituída pelo deputado Coronel Tadeu —, nega ser foragida. Em declaração ao blog da jornalista Natuza Nery, afirmou buscar regularizar sua situação junto às autoridades italianas e alegou estar sofrendo perseguição política. A deputada também disse ter deixado o Brasil por temer por sua segurança.