O agente da Polícia Federal Jorge Chastalo Filho, carcereiro das celas de todos os presos da operação Lava Jato em Curitiba, falou sobre o período em o presidente Lula ficou preso no local. Discreto, e atualmente servindo na Embaixada do Brasil, Chastalo deu sua primeira entrevista sobre o assunto ao site Metrópoles.
Lula ficou 580 dias preso em Curitiba, quase dois anos. A princípio, ninguém achava que ele ficaria ali por muito tempo: Chastalo relembrou que foi questionado quando foi adequar um dormitório para receber Lula e destacou 60 policiais para garantir a segurança de um ex-chefe de Estado. O agente disse:
“Várias pessoas me falaram ‘para que 60 policiais aqui, se eles têm as missões dele e o Lula não vai ficar preso nem cinco dias? O STF vai soltar ele em cinco, seis dias’”.
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O policial também disse que Lula se mostrava satisfeito com seus dois primeiros governos, mas que ainda mantinha planos de voltar ao Planalto. Ele disse:
“Ele falou isso mais de uma vez. Eu pensava que tudo é possível, inclusive nada, porque a situação dele não era fácil. Era terrível. Era bastante complicado acreditar que ele pudesse chegar onde chegou”.
Segundo Chastalo, mais de uma vez Lula chamou o ex-presidente Jair Bolsonaro de “despreparado” para governar o país.
Ele também falou sobre o que considerou o momento mais difícil para Lula durante todo o período de prisão: a morte do seu neto, Arthur, que tinha 7 anos quando faleceu em 2019 por meningite bacteriana. Chastalo disse:
“O momento mais terrível para ele, e acredito que um dos momentos mais terríveis da vida dele, foi a perda do neto, Arthur. Isso causou um sofrimento absurdo, ele chorou, ficou muito mal durante uma semana, depois começou a se sentir mais… O tempo vai ajudando. Esse foi o pior momento”.
O agente conheceu o menino, nas duas vezes em que ele visitou o avô em Curitiba. Nos encontros, Arthur foi o centro das atenções de Lula.
O policial também disse que os cuidados da atual primeira-dama Janja foram fundamentais para que Lula passasse pela prisão. Eles trocavam cartas e Janja lhe levava roupas e sopa – ela foi autorizada a visitar Lula somente alguns meses após ele ser preso.
Sobre Janja, o policial falou:
“Acredito que tenha sido fundamental, ela cuidava muito dele preso”.
*Com informações de Metrópoles.