O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em uma propaganda eleitoral do Partido Liberal (PL) exibida em rede nacional de TV aberta na noite de terça-feira (27/5). A manifestação pública ocorreu em meio à intensa repercussão política e policial sobre as fraudes envolvendo descontos indevidos nos benefícios previdenciários pagos pelo INSS.
Em um vídeo de 30 segundos, Bolsonaro afirmou que “aposentados e pensionistas não merecem este tratamento” e destacou que, para o Partido Liberal, “a aposentadoria é sagrada”. A fala reforça o posicionamento da oposição, que pressiona o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela instalação da CPMI para investigar as irregularidades envolvendo o sistema previdenciário brasileiro.
O ex-presidente justificou a necessidade da comissão parlamentar afirmando que o objetivo é apurar todas as irregularidades:
“Quem rouba, não cuida. Queremos na CPMI, que o PT não assinou, esclarecer todos os assuntos e, mais ainda, cobrar de sindicatos e associações cada centavo surrupiado dos inativos e pensionistas”, declarou Bolsonaro, direcionando críticas diretas ao governo petista.
Veja:
Bolsonaro defende CPI do INSS em propaganda do PL na TV: “Quem rouba, não cuida” pic.twitter.com/DscSEizVpD
— Rede Onda Digital (@redeondadigital) May 28, 2025
O pedido de criação da CPMI do INSS foi protocolado pela oposição no Congresso Nacional em 12 de maio de 2025. A articulação foi liderada pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e pela deputada federal Coronel Fernanda (PL-MT), ambas opositoras ferrenhas do governo Lula. A proposta visa dar andamento a investigações no âmbito legislativo, ampliando as apurações já conduzidas pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria Geral da União (CGU).
Fraudes no INSS
A motivação principal para a criação da CPMI do INSS está ligada à operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal no dia 23 de abril de 2025. A operação busca desarticular um esquema de descontos indevidos em aposentadorias e pensões administradas pelo INSS. Segundo informações divulgadas pela PF, foram cumpridos 211 mandados judiciais de busca e apreensão, além de seis mandados de prisão temporária no Distrito Federal e em 13 estados brasileiros.
De acordo com os investigadores, a fraude consistia na aplicação irregular de descontos de mensalidades associativas sobre os benefícios previdenciários, principalmente aposentadorias e pensões. A investigação revelou a existência de irregularidades graves no processo, afetando milhares de beneficiários que não autorizaram tais descontos.

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Em resposta às denúncias, o governo federal informou que, ainda em 2023, a Controladoria Geral da União (CGU) iniciou um processo de apurações sobre o aumento significativo no número de entidades que firmaram Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) com o INSS e o volume crescente de valores descontados dos aposentados.
Como parte dessas apurações, a CGU realizou auditorias em 29 entidades que mantinham esses acordos com o INSS. Além disso, foram feitas entrevistas com cerca de 1.300 aposentados e pensionistas que apresentavam descontos em suas folhas de pagamento. O resultado dessas investigações indicou que a maioria dos entrevistados sequer tinha autorizado tais descontos, caracterizando uma prática irregular e potencialmente criminosa.

A CGU constatou ainda que 70% das 29 entidades auditadas não haviam entregue a documentação completa exigida pelo INSS, levantando suspeitas sobre a regularidade das atividades dessas organizações. A operação da Polícia Federal resultou no afastamento de seis pessoas de suas funções, incluindo o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto.