O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (17/1) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estaria envolvido na crise gerada pelo monitoramento de transações via Pix pela Receita Federal, medida que foi anunciada e posteriormente revogada devido à repercussão negativa. A declaração foi dada durante entrevista concedida a CNN Brasil.
“Tenho para mim que o Bolsonaro está um pouco por trás disso, porque o PL financiou o vídeo do [deputado] Nikolas [Ferreira], o [marqueteiro] Duda Lima foi quem fez a produção. E eu penso que o Bolsonaro tem uma bronca com a Receita pelas questões conhecidas”. Disse Haddad ao comentar sobre a movimentação do Deputado Nikolas Ferreira e seu polêmico vídeo nas redes sociais na última quarta-feira (15/1).
O ministro relacionou essa suposta retaliação a investigações conduzidas pela Receita Federal envolvendo o ex-presidente e sua família. “A Receita Federal descobriu o roubo das joias, abriu investigação das rachadinhas e apurou os mais de 100 imóveis adquiridos pela família Bolsonaro sem uma notável fonte de renda”, disse Haddad, referindo-se a escândalos que marcaram o governo Bolsonaro.
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Segundo o ministro, os Bolsonaro têm uma postura hostil em relação ao órgão. “Eles ficaram com lupa nos atos burocráticos da Receita que são tomados há mais de 20 anos”, completou.
A polêmica sobre o monitoramento de transações por Pix ganhou destaque após a Receita Federal anunciar que passaria a registrar movimentações financeiras superiores a R$ 2 mil realizadas por pessoas físicas. A medida foi amplamente criticada, levando o ministro a revogar o ato normativo na quarta-feira.
Na ocasião, Haddad também alfinetou o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que foi investigado por rachadinhas quando atuava como deputado estadual no Rio de Janeiro. Embora o caso tenha tido desdobramentos judiciais, Flávio não foi processado.
Nesta sexta-feira, Haddad reforçou suas críticas, mencionando novamente o caso das joias sauditas e a compra de imóveis pela família do ex-presidente. “Os Bolsonaros têm um problema com a Receita Federal, e isso se reflete em suas ações públicas”, afirmou.