O deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM) vai acionar o Ministério Público do Amazonas para garantir o pagamento de emendas parlamentares destinadas ao Instituto de Assistência Social, Saúde e Educação (Iasse), que atende crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Segundo relatos repassados ao parlamentar, os recursos estão bloqueados por motivação política.
A denúncia chegou ao deputado no último sábado (10/5), durante uma atividade promovida pelo Iasse no Bosque da Ciência. De acordo com mães que participam das ações da instituição, a liberação das emendas começou a sofrer atrasos ainda durante o período eleitoral. Por terem sido propostas por um vereador do Cidadania, William Alemão — partido comandado por Amom no Amazonas —, os bloqueios seriam uma forma de retaliação política.
“É inaceitável que crianças autistas estejam sendo penalizadas por perseguição política. O prefeito tem que tomar vergonha na cara e respeitar o trabalho de instituições sérias, que atendem dezenas de famílias em situação de vulnerabilidade. Eu não admito que instituições apoiadas pelo nosso grupo sejam prejudicadas pela falta de responsabilidade desta Prefeitura! Isso é um escândalo, e nós vamos até o fim para responsabilizar os envolvidos. Não vamos permitir que a politicagem prejudique quem mais precisa do poder público”, afirmou Amom.
O Iasse é responsável por projetos como o “Mundo Azul”, que oferece atendimento psicopedagógico especializado para crianças autistas, e o “Trilha do Conhecimento”, que proporciona visitas ao Bosque da Ciência para estudantes da rede pública. Duas emendas, que somam R$250 mil, foram bloqueadas sem justificativa concreta.
A primeira, de R$150 mil (emenda nº 141/2024), previa o custeio de atividades do projeto “Mundo Azul”; a segunda, de R$100 mil (emenda nº 145/2024), repassada via Manauscult, seria utilizada no projeto educativo realizado com alunos da rede pública.
Leia mais notícias do deputado Amom
Presidente da Câmara escolhe Amom para grupo de Código Brasileiro de Inclusão
Amom Mandel: “Minha posição é técnica! Não me alinho, seja com o Lula ou com o Bolsonaro”
A diretora da instituição, Dory Lobato, relatou que a suspensão dos repasses já afeta diretamente a manutenção das atividades e a remuneração da equipe. “Estamos com profissionais já contratados e sem recursos para pagá-los. Tivemos que buscar alternativas urgentes para manter o atendimento às crianças”, afirmou.
O Instituto, que existe há oito anos, atende atualmente 79 crianças e tem mais de 100 em lista de espera. “Nosso maior desafio é a falta de apoio financeiro. Somos uma organização sem fins lucrativos que vive de doações, editais e emendas parlamentares. Quando um repasse como esse é bloqueado, quem sofre são as crianças e as mães que já enfrentam inúmeras dificuldades sociais e econômicas”, explicou Dory.
A diretora também destacou que as emendas bloqueadas incluíam recursos para compra de óculos de correção visual, essenciais para o desenvolvimento de muitas das crianças assistidas. “A maioria das nossas crianças precisa de óculos. Cortar esse recurso é um ato de crueldade.”
No fim de 2024, pais de crianças atendidas pelo Iasse organizaram uma manifestação na Câmara Municipal de Manaus para cobrar o pagamento das emendas, mas até agora não houve resposta efetiva da gestão municipal. Amom reforçou que reúne documentos e testemunhos e levará o caso ao Ministério Público Estadual.
“Vamos acionar o Ministério Público porque essa prática não pode continuar impune. A Prefeitura precisa prestar contas à sociedade. As mães podem ficar desassistidas e as crianças sem o atendimento que precisam, e tudo isso porque uma emenda foi apresentada por alguém que não apoiou o prefeito? Isso é abuso de poder. Estamos falando da vida de crianças que precisam de cuidado, dignidade e respeito”, declarou Mandel.
