A instauração pela Câmara Municipal de Manaus (CMM), na última quarta-feira (18/09), das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) da Semcom e dos Contratos para investigar denúncias de corrupção na gestão do prefeito David Almeida (Avante) deflagrou a guerra entre situação e oposição na Casa Legislativa. Nesta sexta-feira (20/09), em entrevista ao programa Tribuna Livre, da Rede Onda Digital, o vereador Eduardo Alfaia (Avante), líder do chefe do Executivo na CMM, classificou novamente de “eleitoreira” a movimentação de parte dos colegas faltando hoje 15 dias para o pleito, no dia 6 de outubro.
Alfaia também quer retaliação contra o presidente da Câmara de Manaus, vereador Caio André (União Brasil), que pertence ao grupo político de um dos adversários de David Almeida nas eleições majoritárias, o deputado estadual Roberto Cidade (União Brasil). Por autorizar a abertura das duas CPIs simultaneamente, Caio André virou alvo de denúncias do parlamentar da base aliada.
Na entrevista à Onda Digital, Eduardo Alfaia mais uma vez sugeriu uma Comissão de Inquérito para apurar despesas, que segundo o vereador do Avante, foram de R$ 18,7 milhões com a comunicação social da CMM em somente um ano da administração de Caio André. Ele também acusou o novo desafeto político de suspender benefícios dos servidores da Casa Legislativa por falta de recursos financeiros.
“Não há como não dizer que as CPIs são políticas e eleitoreiras. Então, já que nós estamos vivendo isso, vamos instalar também uma CPI [contra a gestão da CMM]. Fui investigar e depois analisar as contas da Câmara, que ano passado sextuplicou o gasto com comunicação. O ex-presidente [da CMM] Joelson Silva e o ex-presidente David Valente Reis gastaram, aproximadamente, com comunicação: R$ 2,8 e R$ 3 milhões. O atual presidente [Caio André] gastou no primeiro ano R$ 18,7 milhões”, disse Alfaia.
O líder do prefeito na Câmara de Manaus ainda considerou desnecessários os investimentos da Mesa Diretora com o setor de comunicação. Para Eduardo Alfaia, bastava usar um percentual da verba da Cota para Exercício de Atividade Parlamentar (Ceap), mais conhecida como “cotão” e que todos os 41 vereadores têm direito, para cada um realizar a divulgação, por meio de assessoria, do exercício do mandato.
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Guedes rebate
Vereador de oposição, Rodrigo Guedes (Progressistas) também concedeu entrevista ao programa Tribuna Livre, nesta sexta-feira, e rebateu a acusação da base aliada do prefeito de Manaus, David Almeida, de que as CPIs da Semcom e dos Contratos, instauradas próximo do primeiro turno das eleições majoritárias, seriam de cunho eleitoreiro. O atual chefe do Poder Executivo Municipal concorre à reeleição.
Segundo Guedes, os vereadores de situação travaram a abertura das Comissões de Inquérito antes do início da campanha eleitoral, além de impedir que outras CPIs sequer saíssem do papel. “As outras [CPIs] que não foram aprovadas é porque o prefeito tinha 39 vereadores da base. Aí não ia ser aprovado mesmo. Agora de fato teve uma divisão na Câmara [entre situação e oposição]. Aí as chances de haver uma CPI é muito maior do que antes quando estava todo mundo em cima do palanque junto com o [governador] Wilson [Lima] e com o David [Almeida, que depois rompeu a aliança política]”, afirmou.
Rodrigo Guedes disse ainda que evitou, inclusive, ser autor da CPI dos Contratos, denominada também da Corrupção, para evitar acusações de oportunismo devido ao período eleitoral. Mas ele foi nomeado relator da referida Comissão de Inquérito.