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TJAM inicia julgamento dos primeiros acusados pelo massacre do Compaj

A sessão ocorre na 2ª Vara do Tribunal do Júri e é o primeiro julgamento entre os 22 processos abertos em decorrência do episódio
09/12/25 às 15:29h
TJAM inicia julgamento dos primeiros acusados pelo massacre do Compaj

(Foto: Reprodução/TV Globo)

O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) iniciou nesta terça-feira (9) o julgamento de Anderson Silva do Nascimento e Geymison Marques de Oliveira, apontados como participantes do massacre que deixou 56 detentos mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em janeiro de 2017. A sessão ocorre na 2ª Vara do Tribunal do Júri e é o primeiro julgamento entre os 22 processos abertos em decorrência do episódio. Os demais casos devem ser analisados ao longo de 2026.

O motim, que durou cerca de 16 horas, foi motivado por confrontos entre facções rivais dentro do presídio. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), a rebelião é considerada o maior massacre já registrado em unidades prisionais do estado.

Anderson está preso e foi levado ao fórum para ser julgado pelo corpo de jurados. Já Geymison responde em liberdade provisória e não compareceu à sessão, mas sua defesa acompanha o julgamento.

Os dois réus respondem por 56 homicídios qualificados, além de 46 acusações de vilipêndio de cadáver, 26 de tortura e por envolvimento em organização criminosa. Segundo o Ministério Público do Estado, as denúncias apontam para práticas de extrema violência, incluindo esquartejamentos, decapitações e maus-tratos cometidos antes das mortes. Três promotores atuam no caso, que é conduzido por um colegiado de magistrados.


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O ataque teve início quando detentos da facção Família do Norte (FDN), então aliada ao Comando Vermelho, invadiram o setor ocupado por presos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Além das 56 mortes, 112 internos fugiram durante a rebelião. Especialistas apontam o rompimento da aliança entre as facções como um dos principais fatores para a escalada da violência.

A SSP-AM também identificou ligação entre o massacre e um motim registrado horas antes no Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), de onde 87 presos conseguiram fugir. Os dois episódios expuseram falhas graves na segurança do sistema prisional amazonense.

Em 2019, o Compaj voltou a ser palco de outra rebelião, que resultou em 15 mortes. Após essa nova crise, o governo do Amazonas alterou o modelo de gestão da unidade, transferindo a administração para outra empresa.

O julgamento iniciado nesta terça-feira é acompanhado com atenção por autoridades, familiares de vítimas e organizações de direitos humanos.