O Boi Caprichoso se manifestou publicamente nesta quarta-feira (2/7) por meio de uma nota de repúdio, após a circulação de vídeos e postagens nas redes sociais com ataques considerados ofensivos, misóginos e xenofóbicos contra integrantes femininas do bumbá azul e branco.
De acordo com a nota, as declarações partiram de um torcedor rival e miram diretamente as mulheres que desempenham papéis centrais dentro da associação folclórica, como a Rainha do Folclore Cleise Simas, a Sinhazinha Valentina Cid, a Porta-Estandarte Marcela Marialva e a Cunhã-Poranga Marciele Munduruku.
A direção do Caprichoso classificou os ataques como uma tentativa de desqualificar a atuação das mulheres no Festival de Parintins, afirmando que tais falas representam não apenas uma ofensa à agremiação, mas também à cultura popular amazônica e à luta por igualdade de gênero.
“É inadmissível que, em pleno século XXI, ainda tenhamos que lidar com manifestações machistas que tentam desmerecer a trajetória das mulheres, apenas por não se enquadrarem em padrões ultrapassados e opressores”, afirma trecho da nota.
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Medidas legais e reação institucional
O Caprichoso informou ainda que seu setor jurídico já está acompanhando o caso e que tomará todas as providências legais cabíveis. Embora a misoginia ainda não seja um crime tipificado isoladamente no Brasil, o bumbá destacou que comportamentos do tipo podem ser enquadrados como injúria, difamação ou ameaça, especialmente no ambiente digital.
Além da defesa das representantes femininas, o comunicado também repudiou críticas direcionadas aos profissionais técnicos e artísticos da associação, como alegoristas, coreógrafos e artistas, reafirmando a qualidade e o comprometimento do trabalho desenvolvido pela equipe azul.
“Força, meninas!”
A nota encerra com uma mensagem de apoio às mulheres do bumbá, reafirmando que o Caprichoso não se calará diante das injustiças e seguirá defendendo com dignidade a resistência, o talento e a identidade cultural da Amazônia.
A repercussão da nota nas redes sociais foi imediata, com manifestações de apoio por parte de torcedores, artistas e representantes de movimentos sociais. A expectativa é de que o caso também gere discussões sobre respeito, ética nas redes e o papel das mulheres dentro dos bois de Parintins.