Mesmo sem saber nadar, o gaucho, de 59 anos, Ivan Brizola, teve a iniciativa de resgatar vítimas das fortes enchentes que atingem o Rio Grande do Sul (RS). Ivan, que estava em um caiaque emprestado, conseguiu resgatar mais de 300 pessoas que estavam em meio à inundação.
Quando a água começou a atingir os bairros, Brizola pediu o caiaque do dono da barraquinha de peixe da feira em frente à sua casa e foi de carro até Canoas, cidade que tinha sido fortemente atingida. Sua própria casa, em Porto Alegre, não tinha sido afetada.
O homem que é professor revelou ao BBC News Brasil nunca ter pilotado um caiaque, mas vendo a situação resolveu ajudar as pessoas.
No segundo dia de resgates, quando ajudava pessoas no bairro de Mathias Velho, ele olhou para baixo, através da água, e viu que lá no fundo estavam os transformadores dos postes de luz. Ele revelou não sentir medo.
“Tanto que eu não saberia dizer exatamente que dia é hoje. Se você for perguntar no geral, só vai observar que as pessoas estão focadas. Elas não sabem que dia é hoje”.
Em parceria com outros voluntários, Brizola ajudou a levar para os barcos diversas pessoas ilhadas em locais de difícil acesso.
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De acordo com as contas de seu filho, que também ajudou nos resgates, Brizola deve ter socorrido mais de 300 pessoas ao longo da última semana, sem contar os bichos.
“Fomos buscar um cachorro brabo que estava preso no segundo andar de um prédio, vários tentaram buscar e o dono veio junto. Mas o cachorro foi pra cima deles. Ai eu falei, queridão, deixa, eu vou”.
Com o caiaque, ele fez também o resgate de um senhor de 90 anos com mal de Alzheimer.
Ele conta que, assim como os voluntários resgatam os moradores, quem pode também ajuda as equipes de resgate.
“Quem está recebendo ajuda entende que tá ganhando muito amor, e essa união é o que vai nos manter, vou levar a coisa pro amor, pro lado bonito dessa irmandade, esse amor. Se a gente virar essa energia para o outro lado, ficar todo deprimido, aí a conta fica mais cara.”
Futuro do RS
Em boletim divulgado na manhã deste sábado (11/03), a Defesa Civil do Rio Grande do Sul registrou 136 o número de mortos em razão das enchentes no estado. Há ainda 756 pessoas feridas enquanto 125 seguem desaparecidas.
Com esses registros, existe a preocupação quando a água baixar e com a reconstrução do Rio Grande do Sul.
“Eu tenho duas preocupações: primeiro o que a gente vai encontrar debaixo da água. E segundo, pensar que isso aqui é só a metade do trabalho feito. É de casa, de empresa, do que precisar. Eu acho que a gente tem que dar as mãos agora também pra ir pra essa outra parte, que é a reconstrução, que as pessoas têm uma vida para retomar”.
*Com informações da BBC News Brasil