Faleceu na segunda, 20/11, Cleriston Pereira da Cunha, de 46 anos. Ele teve um mal súbito enquanto tomava banho de sol no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. O homem estava preso preventivamente por ter participado dos atos de vandalismo e destruição de 8 de janeiro, em Brasília.
O preso passou mal por volta das 10h e os demais detentos tentaram ajudá-lo. Equipes médicas foram mobilizadas e tentaram reanimá-lo, mas ele não resistiu e morreu às 10h58.
De acordo com nota divulgada pela Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape):
“Hoje [segunda-feira], essa mesma equipe de saúde realizou manobras de reanimação assim que constatado o mal súbito até a chegada da equipe do Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] e dos bombeiros, imediatamente acionados”.
Leia mais:
Preso pelos atos de 8/1 morre durante banho de sol na Papuda
Moraes nega pedido de Mauro Cid para retirar tornozeleira e voltar ao Exército
Quem era Cleriston?
Também conhecido como Cleuzão do Ramalho, ele nasceu na Bahia, mas morava há 20 anos no Distrito Federal. Cleriston era irmão do vereador Cristiano Pereira da Cunha (PSD), do município de Feira da Mata, no Oeste da Bahia. Ele deixou esposa e duas filhas.
Após a morte dele, a viúva, Jane, disse à imprensa:
“Eu avisei, dei atestado médico, laudo. Eu falava: gente, pelo amor de Deus. Sempre relatando sobre a saúde dele. Nada foi ouvido, nada foi visto, nada. Hoje eu me encontro viúva. E os nossos sonhos, o que vai realizar nossos sonhos?”.
Por que ele foi preso?
De acordo com a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) em 16 de janeiro deste ano, Cleriston fez parte do grupo que invadiu a sede do Congresso Nacional. A denúncia diz que ele empregou “violência com o objetivo declarado de implantar um governo militar, impedir o exercício dos Poderes Constitucionais e depor o governo legitimamente constituído que havia tomado posse em 1º de janeiro de 2023”.
O grupo teria depredado vidraças, espelhos, portas e vidro, móveis, lixeiras, computadores, totens informativos, obras de arte, pórticos, câmeras de circuito fechado de TV, carpetes, equipamentos de segurança e um veículo da marca Jeep. Posteriormente, ele foi preso pela polícia do Senado Federal.
Entre outros crimes, Cleriston foi acusado pelo MPF de:
- associação criminosa armada;
- abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- golpe de Estado;
- dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável, contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para às vítimas.
Defesa de Cleriston tinha um laudo apontando que ele possuía problema cardíaco
A defesa do acusado apresentou pedido ao STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo a soltura de Cleriston, em agosto deste ano. Como base para o pedido, foi apresentado um laudo médico indicando que ele possuía uma condição cardíaca e que corria risco de morte caso permanecesse preso.
A defesa de Cleriston disse no documento que o preso “possui a sua saúde debilitada em razão da Covid-19, que lhe deixou sequelas gravíssimas, especificamente quanto ao sistema cardíaco”. Ele possuía um quadro de vasculite – inflamação nos vasos sanguíneos – de múltiplos órgãos. Cleriston ficou internado por 33 dias em 2022 após ter sido diagnosticado com Covid-19, e segundo sua família, desenvolveu comorbidades por causa da doença.
Veja o laudo médico abaixo:
A Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou em 1º de setembro de forma favorável ao pedido de liberdade provisória do preso, mediante cumprimento de medidas cautelares. Porém, até o falecimento de Cleriston, o ministro do STF Alexandre de Moraes ainda não havia emitido decisão sobre o pedido de liberdade.
O ministro não quis se manifestar sobre o porque de não ter proferido decisão sobre o caso. Moraes, porém, determinou ainda na segunda que a direção do Centro de Detenção Provisória 2, do Complexo da Papuda, preste informações detalhadas sobre a morte de Cleriston.
O advogado de Cleriston fala: “Era arrimo de família”
Após a morte do seu cliente, o advogado Bruno Sousa se pronunciou. À Revista Oeste, ele afirmou que Cleriston era arrimo de família. Sousa disse:
“Era o provedor total. Ele tinha uma distribuidora de bebidas e atuava como encarregado de tudo”.
Segundo o advogado, após a prisão dele, a esposa e as filhas tiveram de assumir o negócio para conseguirem se manter.
A defesa de Cleriston avalia pedir indenização ao Estado. Sousa afirmou:
“Se for cabível, pretendemos entrar contra o Estado por causa de situações que analisamos ao longo do processo. Mas ainda é cedo para falar”.
*Com informações de CNN Brasil, Metrópoles e Revista Oeste.