Ouça a Rádio 92,3

Assista a TV 8.2

Ouça a Rádio 92,3

Assista a TV 8.2

Representante da ONU pede investigação de genocídio indígena

Depois de 11 dias, terminou nesta sexta-feira, 12, a missão da Organização das Nações Unidas (ONU) para apurar casos de violência cometidos contra indígenas, afrodescendentes e outros grupos vulnerabilizados no Brasil. Desde o dia 2 de maio, a subsecretária-geral das Nações Unidas e Assessora Especial para Prevenção do Genocídio, Alice Wairimu Nderitu, visitou comunidades indígenas e quilombolas, se encontrou com representantes da sociedade civil e com autoridades governamentais. A partir das informações apuradas, ela pediu que haja investigação de genocídio contra populações indígenas e que os responsáveis sejam punidos.

A subsecretária-geral disse que apenas cortes nacionais e internacionais podem caracterizar as violações contra esses grupos como genocídio. A missão da ONU teve o objetivo de mapear as ocorrências, sugerir formas de prevenção e contenção dos problemas identificados.

“O crime de genocídio deveria ser investigado. O meu papel é apontar os problemas relacionados ao genocídio. Temos vários fatores de risco. Mas as decisões em relação às investigações cabem ao Brasil, que assinou a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio. O meu papel é apenas mostrar os riscos, mas não os resolver”, disse.

Alice Wairimu entende que a vida das comunidades indígenas e quilombolas piorou nos últimos quatro anos, quando o país estava sob o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas preferiu focar na questão sob um ponto de vista mais amplo, ao indicar que essas populações são historicamente vítimas de violências e negligência.

Leia  mais:

STF abre inquérito contra dirigentes do Google e do Telegram

“Eu sei que na última administração, algumas políticas foram aceleradas. E as vidas das populações indígenas ficaram mais precárias do que eram antes. Mas não vamos esquecer o quão estrutural e profundo esse problema é. O Brasil deve lidar com os problemas das populações indígenas e afrodescendentes. E encontrar uma liderança que consiga garantir que essas pessoas tenham uma vida mais digna”.

Territórios indígenas

Durante a visita ao país, Alice Wairimu Nderitu se reuniu com representantes de instituições federais, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), a Advocacia-Geral da União (AGU), a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Ministério Público Federal (MPF). E também se encontrou com as ministras Sônia Guajajara, dos Povos Indígenas; Anielle Franco, da Igualdade Racial, e Ana Moser, do Esporte.

A subsecretária visitou os territórios Yanomami, em Roraima, e Guarani Kaiowá, em Mato Grosso do Sul, e se encontrou com os governadores dos dois estados. Sobre os povos Yanomami, ela disse ter ouvido testemunhos de abusos e violações. Reforçou que os principais agressores estão envolvidos na mineração ilegal. E constatou que as populações locais foram afetadas nos direitos de acesso e uso da terra, saúde e educação. Além disso, aconteceram assassinatos de líderes locais e defensores dos direitos humanos e do meio ambiente. Foram registrados impactos na contaminação de águas, disseminação de malária e doenças agravadas pela desnutrição em crianças. Também foram citadas denúncias de estupros de mulheres e meninas, e outras formas de violência de gênero.

Sobre o povo Guarani Kaiowá, a subsecretária disse ter ficado chocada com a extrema pobreza. Ela destacou os problemas de demarcação dos territórios indígenas e os conflitos com os grandes agricultores. Citou a expulsão violenta dos indígenas das terras, e o fato de muitos viverem às margens das rodovias em condições degradantes. Ela lembrou da discriminação no acesso aos bens e serviços básicos, como água potável, alimentação, saúde e educação para os filhos, e disse ser excessivo o uso da força pelos órgãos de segurança estatais contra civis desarmados, que resultam em assassinatos e prisões arbitrárias. A subsecretária cobrou investigações sobre as denúncias recebidas.

Quilombolas e afrodescendentes

Alice Nderitu disse ter conhecido lideranças de comunidades afrodescendentes e quilombolas em Brasília, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro. Ela destacou as histórias de violência policial, motivadas por um racismo estrutural, e disse que esses grupos são vítimas da insegurança e da violência generalizada, que dificultam o direito à educação, produzem impactos na saúde, nutrição e oportunidades de emprego.

A subsecretária afirmou que o Estado brasileiro vem falhando na garantia da assistência à saúde sexual e reprodutiva de meninas e mulheres negras. E mostrou preocupação com os dados sobre encarceramento no país, que atinge majoritariamente homens negros.

Deixe seu comentário
Jornalismo
Jornalismo
Equipe de jornalismo do portal Rede Onda Digital.

Mais lidas

Cantor Netinho fez empréstimos miolionários com agiota do PCC

O cantor Netinho contraiu empréstimos milionários com Ademir Pereira de Andrade, um conhecido agiota ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), segundo denúncia do...

VÍDEO: Militar do Exército é preso suspeito de filmar adolescente incendiando morador de rua durante live

O militar do Exército, Miguel Felipe dos Santos Guimarães da Silva, de 20 anos, foi preso nesta sexta-feira (21/02), no Rio de Janeiro. Ele é...

VÍDEO: Mulher salva cachorro pendurado em janela de prédio, em SP

Vizinha da janela de baixo usou caixa de papelão para aparar queda de cachorro; não se sabe como animal ficou pendurado do lado de fora do prédio.

VÍDEO: Homem tira cachorro do porta-malas de carro e abandona animal, no DF

Cena aconteceu na quinta (20) e testemunhas disseram que cachorro ficou desesperado; polícia vai investigar abandono de animal.
- Publicidade -
Rádio Onda Digital
Rádio e TV Onda Digital
TV Onda Digital
- Publicidade -
UEA - Universidade Estadual do Amazonas  - Informativo
Leia também

Cantor Netinho fez empréstimos miolionários com agiota do PCC

O cantor Netinho contraiu empréstimos milionários com Ademir Pereira de Andrade, um conhecido agiota ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), segundo denúncia do...

VÍDEO: Militar do Exército é preso suspeito de filmar adolescente incendiando morador de rua durante live

O militar do Exército, Miguel Felipe dos Santos Guimarães da Silva, de 20 anos, foi preso nesta sexta-feira (21/02), no Rio de Janeiro. Ele é...

VÍDEO: Mulher salva cachorro pendurado em janela de prédio, em SP

Vizinha da janela de baixo usou caixa de papelão para aparar queda de cachorro; não se sabe como animal ficou pendurado do lado de fora do prédio.

VÍDEO: Homem tira cachorro do porta-malas de carro e abandona animal, no DF

Cena aconteceu na quinta (20) e testemunhas disseram que cachorro ficou desesperado; polícia vai investigar abandono de animal.

MPF pede condenação de réu por lavagem de mais de R$ 200 milhões em ouro ilegal, extraído do AM

Réu falsificava registros e usava contrato de imóvel em Presidente Figueiredo para lavar dinheiro vindo de garimpo ilegal; MPF pede condenação.

Ex de Whindersson Nunes posta mensagem de apoio após internação do humorista em clínica psiquiátrica

Maria Lina, ex-namorada de Whindersson Nunes, publicou uma mensagem de apoio ao humorista, nesta quinta-feira (20/2), após a notícia de que o humorista havia...