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Líder indígena chama MPF e PF de “ausentes e incompetentes” no caso Bruno e Dom

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Os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips completa seis meses, e em Montreal, no Canadá, o líder indígena Beto Marubo deu declarações contundentes sobre a atuação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) a respeito da investigação do caso.

Marubo, que é natural do Vale do Javari, onde ocorreram os assassinatos, está no Canadá para a Conferência da Biodiversidade da ONU (COP15) e falou com a agência de notícias alemã DW (Deutsche Welle). Ele disse:

“Ou o Ministério Público Federal junto com a Polícia Federal não estão fazendo a investigação, ou eles estão trabalhando de forma incompetente. Não vemos a PF em campo, não vemos esse pessoal circulando por Atalaia do Norte. Por que a PF não está em campo?”.

O líder indígena comentou o andamento da investigação:

“Na época dos assassinatos, tivemos uma reunião com o procurador-geral da República [Augusto Aras] em Tabatinga. Cobramos que fosse montada uma espécie de força-tarefa com procuradores com conhecimento da Amazônia para atuarem com as duas procuradoras que estão na região investigando essas quadrilhas. Precisamos de pessoas com vivência naquela região para conduzir as investigações. E não é isso que estamos vendo.

Foi solto o principal suspeito de coordenar o crime naquela região, o tal de Colômbia. Recentemente, teve outra decisão [da Justiça] que soltou um dos homens que ajudou a ocultar os restos mortais dos corpos do Dom e do Bruno. Tudo isso demonstra duas questões importantes: ou o MPF junto com a PF não estão fazendo a investigação, ou eles estão trabalhando de forma incompetente.

Digo isso porque a Justiça está soltando essas pessoas com o argumento de que não há fatos novos, de que a PF não tem apresentado elementos novos. Ou seja, as investigações não estão acontecendo nem no âmbito do MPF, nem da PF”.


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Marubo também falou que recebe ameaças e a situação de insegurança que persiste na região do Vale do Javari:

“Todos nós que defendemos o território estamos ameaçados na região. Eu não posso ir para Atalaia do Norte por orientação das autoridades, que não conseguem garantir minha segurança. Não retorno para lá desde o período das buscas pelo Bruno e Dom. Agora vimos o ataque no rio Itacoaí contra os Kanamari”.

Em novembro, 30 indígenas Kanamari foram atacados no rio Itacoaí por pescadores ilegais armados, perto de onde Bruno e Dom foram assassinados.

Ele também falou sobre sua atuação no grupo de trabalho da transição de governo, e o que esperar de políticas indígenas no novo governo Lula:

“Faço parte do governo de transição e coordeno o grupo de trabalho sobre índios isolados. Estamos apresentando propostas para o que o novo governo, já a partir de janeiro, comece um trabalho consistente de curto e longo prazo no Vale do Javari. Agora é cobrar do novo governo para que os trabalhos na região sejam operacionalizados em campo”.

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Ivanildo Pereira
Ivanildo Pereira
Repórter de política na Rede Onda Digital Jornalista formado pela Faculdade Martha Falcão Wyden. Política, economia e artes são seus maiores interesses.

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