A Arquidiocese de São Paulo emitiu uma nota nesta terça (06/02), na qual anunciou que abriu uma nova investigação para apurar um suposto caso de abuso sexual envolvendo o padre Júlio Lancellotti. Em nota assinada pelo vigário Michelino Roberto, a entidade diz estar em “busca da verdade”.
O caso de suposto abuso envolvendo padre Júlio foi noticiado pela Revista Oeste em 30 de janeiro de 2024. De acordo com a reportagem, o jornalista Cristiano Gomes, de 48 anos, afirma ter sido assediado pelo padre em 12 de maio de 1987, quando tinha 11 anos. Ele afirmou à revista que teve o corpo pressionado contra o do padre ao ser consolado após a missa de sétimo dia da avó e que o sacerdote ficou excitado.
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O padre Júlio chegou a ser investigado anteriormente pelo Ministério Público de São Paulo em 2020, após a divulgação de um vídeo com uma denúncia de suposto abuso. Na ocasião, o MPSP foi contra a instauração de ação penal e a Justiça determinou o arquivamento do inquérito, mesma medida adotada pela arquidiocese e comunicada ao Vaticano na época. Segundo o MPSP e a arquidiocese, não houve comprovação da veracidade do vídeo.
No caso atual, a arquidiocese afirma que faz averiguações a respeito da denúncia e procura contato com Gomes para ouvi-lo a respeito do que ele relatou à revista. Segundo a instituição religiosa, o procedimento de investigação é protocolar e ocorre sempre que há divulgação de notícias envolvendo membros da Igreja Católica.
Enquanto isso, a Câmara Municipal de São Paulo deliberou nesta terça sobre a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que mira a atuação do padre Júlio Lancellotti e de ONGs que atuam na região conhecida como cracolândia. Em reunião hoje com a presença de líderes de diversos partidos, os vereadores decidiram que vão analisar só depois do carnaval a proposta de instauração da CPI.
O autor da proposta da CPI é o vereador Rubinho Nunes (União Brasil), que disse que as ONGs promovem uma “máfia da miséria” que “explora os dependentes químicos do centro da capital”.
Após a reunião de hoje, Rubinho declarou:
“Senhor Lancellotti é uma figura em torno da qual as ONGs gravitam e recentemente veio a público denúncias de abuso sexual ligadas a ele. Tenho recebido no meu gabinete quase que diariamente pessoas que trazem denúncias relativas a essa pessoa. Por algumas denúncias vincularem as ONGs às situações de abuso, entendo que isso estaria dentro do escopo dessa CPI”.
A proposta de CPI despertou polêmica quando foi anunciada, com políticos de esquerda apontando perseguição ao padre, e o viés eleitoral da medida: em ano eleitoral, as ações da comissão poderão ter impacto nas campanhas. Lancellotti é aliado do deputado federal e pré-candidato Guilherme Boulos (PSOL), enquanto Rubinho apoio o projeto de reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB).
*Com informações de Metrópoles e UOL.