A União Europeia (UE) publicou nota oficial nesta segunda-feira, 3, por meio do gabinete do seu chefe da diplomacia, Josep Borrell, na qual se diz “preocupada” com a impossibilidade de pré-candidatos a cargos públicos na Venezuela de concorrerem nas próximas eleições do país. A nota foi emitida após a recente inabilitação da ex-deputada María Corina Machado, principal nome de oposição ao atual presidente do país, Nicolás Maduro.
Machado, conhecida como “dama de ferro” e representante da ala mais radical da oposição venezuelana, foi inabilitada para o exercício de qualquer cargo público por um período de 15 anos, notificou a Controladoria-Geral do país na sexta-feira (30). Ela desponta nas pesquisas como favorita nas primárias de outubro.
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Situações semelhantes à de María Corina, do Vem Venezuela, também ocorreram com outros líderes populares. O ex-governador Henrique Capriles, que concorreu duas vezes contra o chavismo, está inabilitado desde 2017, assim como Freddy Superlano, do partido Vontade Popular. Juan Guaidó, Leopoldo López e Antonio Ledezma estão entre os que fugiram do país. Todos são acusados de irregularidades e corrupção.
Nesse sentido, Maduro parece seguir a cartilha do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, que impossibilitou adversários de disputar eleições no país e concorreu praticamente sozinho em 2021, quando assumiu seu quarto mandato como presidente do país.
Segundo a Controladoria, a inabilitação de Machado é baseada em irregularidades administrativas quando ela era deputada (2011-2014).
A UE, em sua carta, recomenda que o papel da Controladoria-Geral no caso seja revisto. A UE enviou uma missão de observação à Venezuela no final de 2021 e fez diversas recomendações ao país para que ele melhorasse os seus processos eleitorais.
María Corina Machado, de 55 anos, vem arrastando multidões em seus comícios e desafiou a decisão do regime, que chamou de “Uma desqualificação inútil que apenas mostra que o regime sabe que já está derrotado”.
Este ano, Lula já se encontrou com Maduro em Brasília e chegou a afirmar que existe “uma narrativa” criada contra a Venezuela. Já há poucos dias, em entrevista à Rádio Gaúcha, o presidente brasileiro chegou a afirmar que “o conceito de democracia é relativo” ao comentar a situação venezuelana.