Uma ordem executiva assinada pelo presidente norte-americano Donald Trump retirou os Estados Unidos do Conselho de Direitos Humanos da ONU nesta terça-feira (4/02). O presidente também manteve a suspensão do financiamento para a UNRWA, entidade mantida pela Agência que dá assistência para refugiados vindos da Palestina.
Durante o evento de assinatura no Salão Oval da Casa Branca, Trump sugeriu que os palestinos da Faixa de Gaza deveriam deixar o território, defendendo que nações árabes, como Jordânia e Egito, os recebessem. A proposta, alinhada a setores da extrema direita israelense, tem sido criticada por especialistas, que apontam para o risco de uma possível limpeza étnica, em violação ao direito internacional.
“Gaza é literalmente um local de demolição, quase tudo foi destruído e as pessoas estão morrendo lá. Então, eu preferiria trabalhar com algumas nações árabes para construir moradias em outro local, onde elas possam viver em paz, pelo menos por um tempo”, declarou Trump.
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O conflito entre Israel e o Hamas, iniciado em outubro de 2023 e interrompido temporariamente em janeiro com um cessar-fogo, já deixou mais de 40 mil mortos e devastou grande parte da infraestrutura de Gaza. A UNRWA, fundada há 75 anos, é a principal responsável por fornecer serviços essenciais, como saúde e educação, a milhões de palestinos na Cisjordânia ocupada e em Gaza.
A proposta de Trump sobre a saída dos palestinos gerou forte reação internacional. O ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, rejeitou a ideia:
“Nossa rejeição ao deslocamento dos palestinos é firme e não mudará. A Jordânia é para os jordanianos, e a Palestina é para os palestinos.”
Já o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, um dos principais nomes da extrema direita do país, elogiou a declaração do republicano. “A ideia de ajudá-los a encontrar outros lugares para começar uma vida melhor é excelente”, afirmou Smotrich, que defende a anexação total dos territórios palestinos por Israel e a expansão dos assentamentos israelenses, considerados ilegais pela ONU e pela maior parte da comunidade internacional.
Até o ano passado, os Estados Unidos afirmavam ser contrários ao deslocamento forçado dos palestinos e defendiam a criação de um Estado Palestino ao lado de Israel. A nova postura de Trump pode ter impacto direto nos debates sobre a solução para o conflito na região.