Papa Leão XIV deixa Turquia e segue para o Líbano com apelo por paz em meio a crises

Foto: Maria Grazia Picciarella / SOPA Images via Reuters Connect
O papa Leão XIV encerrou neste domingo (30/11) sua visita de quatro dias à Turquia, marcada por discursos em defesa da unidade entre cristãos, e embarcou para o Líbano, onde cumprirá uma agenda de dois dias com foco na paz e no diálogo inter-religioso.
O pontífice deve desembarcar no aeroporto de Beirute ainda nesta tarde. O Líbano, com 5,8 milhões de habitantes, vive uma sucessão de crises desde 2019, do colapso econômico e aumento da pobreza à explosão devastadora no porto da capital em 2020, além da atual guerra entre o Hezbollah e Israel. Mesmo com o papel político relevante, a comunidade cristã do país vem diminuindo principalmente devido à emigração de jovens.
Único país árabe onde a presidência é necessariamente ocupada por um cristão, o Líbano não recebia um papa desde a visita de Bento XVI, em 2012. Leão XIV será recebido pelo presidente Joseph Aoun, pelo primeiro-ministro Nawaf Salam e pelo presidente do Parlamento, Nabih Berri, antes de seu primeiro discurso às autoridades e ao corpo diplomático.
No sábado, o Hezbollah pediu ao papa que condenasse “a injustiça e a agressão” de Israel, após a morte de seu chefe militar, em 23 de novembro. Apesar do cessar-fogo anunciado há um ano, Israel intensificou ataques no sul do país nas últimas semanas, alegando enfrentar o grupo pró-Irã. Pelo acordo de trégua, o Exército libanês deve atuar no desarmamento do Hezbollah.
Unidade cristã e mensagem aos armênios
Antes de deixar a Turquia, Leão XIV presidiu uma cerimônia litúrgica na catedral ortodoxa de São Jorge, em Istambul, destacando o papel de católicos e ortodoxos como “construtores da paz em tempos de violência”.
Em visita à catedral armênia, o papa exaltou o “corajoso testemunho cristão” do povo armênio ao longo dos séculos, mencionando de forma indireta o sensível tema dos massacres de 1915-1916, que a Turquia rejeita classificar como genocídio.
A passagem do pontífice pela Turquia ocorreu sob forte esquema de segurança, o que limitou o contato com fiéis, mas não impediu gestos de proximidade como um encontro privado com o pai de Mattia Ahmet Minguzzi, adolescente de 14 anos morto em janeiro após uma agressão que comoveu o país.
Saiba mais:
Número de mortos em incêndio de Hong Kong chega a 146
Erika Hilton é pedida em casamento em surpresa romântica
Visita vista como gesto de coragem
O Líbano decretou dois dias de feriado pela visita papal. Para chegar ao palácio presidencial, Leão XIV cruzará bairros da zona sul de Beirute, reduto do Hezbollah, onde cartazes do líder morto do grupo aparecem ao lado das mensagens de boas-vindas ao pontífice.
“A decisão de viajar ao Líbano é um gesto de coragem”, afirmou Hugues de Woillemont, presidente da Obra do Oriente, ressaltando que o modelo multiconfessional libanês está fragilizado pela lógica do confronto, apesar da cooperação entre presidente e primeiro-ministro.
Em sua primeira viagem ao exterior, Leão XIV tem buscado conciliar prudência diplomática, respeito às sensibilidades locais e firme defesa da paz e da convivência religiosa.
*Com informações de AFP e O Dia.






