ONU quer uma reforma nas forças policiais após megaoperação policial no RJ

(Foto: reprodução/X)
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu uma reforma profunda nas forças policiais do Brasil depois da megaoperação no Rio de Janeiro ocorrida nesta terça-feira (28/10) que deixou mais de 100 mortos. A operação já é considerada a mais letal da história do estado.
O alto comissário Volker Türk afirmou nesta quarta-feira (29/10) que entende os desafios de lidar com facções criminosas, mas criticou o número de mortes em ações policiais, que afetam principalmente pessoas negras. Segundo ele, o uso excessivo da força se tornou algo “normalizado” no país, especialmente no Rio.
“A longa lista de operações que resultaram em muitas mortes, que afetam desproporcionalmente pessoas de ascendência africana, levanta questões sobre a forma como essas operações são conduzidas”, disse Türk.
Ele também defendeu investigações rápidas e independentes sobre a ação nos complexos do Alemão e da Penha, além de apoio às famílias das vítimas.
O representante da ONU reforçou que a força letal só deve ser usada em situações realmente necessárias para proteger vidas, e pediu que o governo adote uma estratégia nacional de segurança baseada em direitos humanos. “Reformas urgentes são essenciais para evitar novas tragédias e acabar com a impunidade”, completou.
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O secretário-geral da ONU, António Guterres, também se manifestou. Por meio de seu porta-voz, ele declarou estar “gravemente preocupado” com o número de vítimas e pediu que as autoridades brasileiras investiguem o caso “imediatamente”.
De acordo com o governo do Rio, a operação contra o Comando Vermelho deixou 119 mortos, 113 presos e 10 menores apreendidos. As forças de segurança informaram ainda a apreensão de 118 armas, incluindo 91 fuzis, além de drogas e explosivos.
Moradores relataram cenas de horror na região. Um vídeo publicado pelo ativista Raul Santiago mostra dezenas de corpos enfileirados na Praça da Penha. Segundo ele, os corpos foram retirados de uma área de mata durante a madrugada. “Nada me marca mais do que o choro das famílias”, disse.
A Defensoria Pública do Estado informou ter registrado até 132 mortes, entre elas quatro policiais. O órgão acompanha o caso e cobra transparência na apuração das circunstâncias das mortes.
*Com informações da CNN Brasil.






