Em 5 de outubro de 2023, um míssil atingiu um café em Hroza, matando 59 pessoas. Pelo menos um integrante de cada família do vilarejo estava ali para o funeral de um homem chamado Andriy Kozyr, que havia se alistado no Exército ucraniano como voluntário. O adolescente Dima perdeu a mãe, o pai e dois avós no ataque com mísseis no vilarejo
“Não consigo compreender completamente. Agora sou responsável pela nossa casa. O que mais tenho pena é da minha irmã mais nova. Antes disso acontecer, ela não gostava quando eu a abraçava. Agora ela quer me abraçar o tempo todo”, disse o jovem.
Um quinto da população do vilarejo foi morta, e muitas das pessoas que morreram eram pais. Assim, Hroza ficou conhecida como um vilarejo cheio de órfãos. O ataque foi o incidente mais fatal para civis ucranianos desde o início da invasão em grande escala da Rússia, há dois anos.
A Rússia nunca comentou diretamente o ataque, mas suas forças afirmaram ter realizado ataques contra alvos militares na região, segundo a mídia estatal russa. A Ucrânia por sua vez, disse que não havia alvos militares ali e um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) endossou: “Não havia indicação de tropas militares ou de quaisquer outros alvos militares legítimos”.
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Dima levava uma vida normal de adolescente antes da guerra. Morava com os pais, saia com os amigos, estava frequentemente no telefone e às vezes brigava com as irmãs. Agora, em um cemitério nos arredores de seu vilarejo, Dima observa as coroas de flores em cores vivas cobrirem os túmulos recém cavados de seus pais e avós paternos.
A maioria das pessoas ainda está aterrorizada pelo que aconteceu. “Nunca esquecerei os funerais, quando essas crianças estavam ali, em silêncio e solitárias, de mãos dadas”, conta Diana Nosova, que mora na área. “Partiu meu coração.”
Após o ataque, alguns órfãos decidiram mudar-se para uma área mais segura, incluindo Vlad, de 14 anos. Ele foi morar no oeste da Ucrânia com a tia depois que a mãe, o avô, o tio e o primo de oito anos morreram.
Essas são só umas das histórias extremamente dolorosas que milhões de cidadão ucranianos passaram, e passam até hoje com esses dois anos de guerra. Kharkiv teve pouco descanso da violência desde o início da guerra em fevereiro de 2022. A região, incluindo Hroza, foi capturada pelas forças russas no início da invasão.
Após uma grande contra-ofensiva em setembro de 2022, foi reconquistada pela Ucrânia. Mas o enfrentamento continua, e a região é frequentemente alvo de ataques de drones, bombas e mísseis russos.