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Mexicana é condenada a pedir desculpas por 30 dias após criticar casal de políticos

Mexicana é condenada a pedir desculpas por 30 dias após criticar casal de políticos

A mexicana Karla Estrella, de 47 anos, concluiu neste domingo (10/8) uma pena judicial incomum: publicar pedidos de desculpas diariamente por 30 dias no X (antigo Twitter) por ter criticado um casal de políticos governistas.

O caso, que ganhou repercussão nacional, acendeu alertas sobre o aumento de pressões contra a liberdade de expressão no México. A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) classificou a situação como “uma tendência preocupante” de novas formas de “censura judicial e legislativa” no país.

A punição foi determinada por um tribunal eleitoral, que considerou a mexicana culpada de “violência política de gênero” após ela acusar, em fevereiro de 2024, o deputado Sergio Gutiérrez Luna — presidente da Câmara e membro do partido governista Morena — de nepotismo, apontando que sua esposa, Diana Karina Barreras, havia sido beneficiada.

Segundo a corte, a postagem afetou a imagem profissional de Barreras ao “colocá-la em posição de subordinação a uma figura masculina, minimizando suas capacidades e trajetória”. A sentença foi considerada inapelável.


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Durante o mês de sanção, Estrella escreveu diariamente frases como: “Eu te peço desculpas (…) pela mensagem que esteve carregada de violência simbólica, psicológica (…) e de discriminação baseada em estereótipos de gênero”.

Além dos pedidos públicos, a pena incluiu multa e a inclusão do nome de Estrella até 2027 em um registro oficial de “pessoas sancionadas” por violência política de gênero. A defesa alega que houve uso indevido de leis destinadas a partidos e grandes veículos de comunicação contra uma cidadã comum.

Apesar da pressão, o caso acabou tendo efeito reverso: a mexicana saltou de 7 mil para quase 60 mil seguidores no X e opositores intensificaram críticas ao casal de políticos, publicando imagens e vídeos de seu estilo de vida.

A presidente Claudia Sheinbaum, do mesmo partido dos denunciantes, considerou a punição “um excesso”, destacando que “o poder é humildade, não soberba”.

Karla Estrella pretende agora recorrer à Corte Interamericana de Direitos Humanos. “Como já não há instância no México que me ampare, vou pedir ajuda de alguém imparcial que possa dar seu veredicto”, afirmou.