O jornal norte-americano The New York Times publicou matéria nesta quinta (19/9) revelando que o serviço de inteligência de Israel criou uma empresa de fachada para vender pagers com explosivos instalados ao grupo Hezbollah. Essa empresa teria se passado por uma produtora internacional de pagers, o aparelho conhecido aqui no Brasil como “bipe”, que era amplamente usado nos anos 1990 e começo dos 2000, antes da adesão dos celulares.
Funcionários da inteligência israelense teriam decidido ir em frente com o plano após a decisão do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, de fazer uso desses equipamentos para evitar comunicação por celulares. Diferente dos telefones móveis, o pager não pode ser rastreado pelas tecnologias modernas.
A empresa de nome BAC Consulting, sediada na Hungria, tinha contrato para produzir os dispositivos em nome de uma empresa taiwanesa, a Gold Apollo. Mas, segundo a reportagem, a BAC era operada pela inteligência de Israel.
Fontes relataram ao jornal que pelo menos duas outras empresas de fachada também foram criadas para mascarar as verdadeiras identidades das pessoas que criaram os pagers: oficiais de inteligência israelenses.
Leia mais:
VÍDEOS: Após explosões de pagers, walkie-talkies do Hezbollah explodem no Líbano; mortos chegam a 12
Um dia após morte de líder político do Hamas, Israel anuncia morte do mentor do 7/10
Para não levantar suspeitas, a B.A.C. aceitou clientes comuns e produziu uma série de pagers sem explosivos. Os que iam para o Hezbollah, segundo a reportagem, continham baterias com um explosivo chamado PETN que poderiam ser detonados remotamente. Os carregamentos para o grupo terrorista começaram a ser enviados em 2022.
E ainda de acordo com a matéria, nesta terça-feira (17), foi dada ordem para ativar os pagers para desencadear as explosões. Ao longo dos últimos dois dias, explosões em diversas regiões do Líbano e também da Síria foram provocadas pelos aparelhos. Ao todo, 37 pessoas morreram até o momento. Além de pagers, aparelhos de walkie-talkie, o comunicador básico, também explodiram.
Entre os mortos, 20 eram integrantes do grupo islamista Hezbollah. Mais 450 pessoas ficaram feridas.
Veja vídeos das explosões abaixo:
Até o momento, Israel não assumiu a responsabilidade pelo ataque. O chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, disse nesta quinta-feira em pronunciamento que a série de explosões foi uma declaração de guerra por parte de Israel e prometeu vingança. Ele também afirmou:
“Recebemos um golpe severo, mas eu asseguro que nossa estrutura não foi afetada. É verdade que, tecnologicamente, eles são muito inteligentes. Mas também são muito estúpidos, porque nunca conseguem alcançar seus objetivos”.
O grupo extremista controla boa parte do sul do Líbano, embora não tenha nenhuma ligação formal com o governo do país.
Com informações de UOL e G1.