Irlanda, Noruega e Espanha reconhecem Estado palestino; Israel retira seus diplomatas dos países

Manifestante agita bandeira palestina durante manifestação em frente ao Instituto de Estudos Políticos (Sciences Po Paris) ocupado por estudantes, em apoio aos palestinos, em Paris (Foto: Antonin UTZ / AFP).
Na manhã desta quarta (22/5), os governos da Irlanda, Noruega e Espanha anunciaram o reconhecimento unilateral de independência e soberania do Estado palestino. Trata-se de um gesto diplomático em conjunto, e de grande impacto político.
Em consequência, Israel convocou seus embaixadores na Irlanda e Noruega para “consultas urgentes”, e alertou que “medida semelhante” pode ocorrer contra a Espanha — o posto na embaixada de Israel no país ibérico está vago.
Esta é a segunda medida de impacto mundial a colocar pressão sobre o governo de Benjamin Netanyahu nos últimos dias: No começo da semana, a procuradoria do Tribunal Penal Internacional divulgou o pedido para que os juízes considerem uma ordem internacional de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, por crimes de guerra e contra a humanidade em Gaza.
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A esperança destes países é que o gesto seja seguido por outros países europeus e que coloque pressão nos Estados Unidos para rever sua posição como aliado incondicional de Israel. Na Europa, apenas nove países reconhecem a Palestina, e no G7, grupo dos países mais ricos do mundo, nenhum reconhece.
A lógica dessa medida é a de relançar a ideia de que a paz no Oriente Médio apenas poderá ocorrer com o estabelecimento de uma solução para a existência de dois Estados.
Ao anunciar o reconhecimento da Palestina, o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez disse, diante do parlamento do país:
“Pedimos um cessar-fogo. Mas não é suficiente. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu se faz de surdo e continua castigando a população palestina. O que está claro é que Netanyahu não tem um projeto de paz. Lutar contra o Hamas é legítimo. Mas sua operação coloca a solução de dois Estados em sério perigo. O que faz apenas ampliar o ódio”.
Ele continuou:
“Só há uma solução: a criação de dois Estados. Tomamos essa decisão por paz, por justiça e por coerência. Não é uma decisão contra ninguém. Hamas não quer esse reconhecimento”.
Autoridades de Israel não mediram palavras ao comentar as decisões desses países. O ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, declarou:
“Estou enviando uma mensagem clara à Irlanda e à Noruega. Israel não recuará contra aqueles que minam sua soberania e colocam em risco sua segurança.
Israel não vai aceitar isso em silêncio. Haverá outras consequências graves. Se a Espanha concretizar sua intenção de reconhecer um Estado palestino, uma medida semelhante será tomada contra ela.
A decisão de hoje envia uma mensagem aos palestinos e ao mundo: o terrorismo compensa. Depois que a organização terrorista Hamas realizou o maior massacre de judeus desde o Holocausto, depois de cometer crimes sexuais hediondos testemunhados pelo mundo, esses países decidiram recompensar o Hamas e o Irã reconhecendo um Estado palestino”.
*Com informações de UOL
