Um inquérito da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado nesta quarta (12/6) sobre os primeiros meses da guerra em Gaza revelou que tanto Israel como o Hamas cometeram crimes de guerra e graves violações do direito internacional. Esta é a primeira investigação aprofundada do organismo sobre os ataques de 7 de outubro e o conflito que se seguiu.
O relatório cobre acontecimentos até o final de 2023. O conflito já dura oito meses e deixou milhares de mortos em Israel e na Faixa de Gaza.
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Os relatórios da Comissão de Inquérito das Nações Unidas começam com os acontecimentos em 7 de outubro, o dia em que o Hamas e outros grupos armados palestinos lançaram uma onda de assassinatos e raptos no sul de Israel, que matou mais de 1.200 pessoas, a maioria civis, e fez cerca de 250 pessoas serem feitas reféns.
Os crimes de guerra citados pela comissão naquele dia incluíam ataques dirigidos intencionalmente contra civis, homicídio ou homicídio doloso, tortura, tratamento desumano ou cruel, ultrajes à dignidade pessoal e tomada de reféns, incluindo crianças.
Em retaliação e em busca da libertação dos reféns, Israel lançou um ataque a Gaza que destruiu boa parte do enclave palestino, e matou mais de 37 mil pessoas, segundo as autoridades de saúde de Gaza.
Nos primeiros 2 meses e meio do conflito, diz a comissão, Israel cometeu crimes de guerra, bem como crimes contra a humanidade – estes últimos definidos como um ataque generalizado e sistémico dirigido a uma população civil. Os alegados crimes de guerra de Israel incluem fome, detenção arbitrária e assassinato e mutilação de “dezenas de milhares de crianças”. Além disso, o documento informa que tanto Israel como o Hamas cometeram violência sexual e tortura, e atacaram intencionalmente civis.
A comissão disse que as suas conclusões se basearam em entrevistas com vítimas e testemunhas, milhares de itens de código aberto verificados através de análises forenses, centenas de documentos, imagens de satélite, relatórios médicos forenses e cobertura midiática.
Anteriormente, Israel tinha anunciado que não iria cooperar com o inquérito.
O documento deve aumentar a pressão internacional pelo fim do conflito: Em maio, um procurador do Tribunal Penal Internacional anunciou um pedido de mandado de prisão para vários líderes importantes do Hamas e de Israel, incluindo o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, sob acusações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Tensões entre Israel e a ONU
O Conselho de Segurança da ONU – do qual Israel não faz parte – tentou durante meses, depois de 7 de outubro, aprovar uma resolução apelando a um cessar-fogo imediato. Os EUA, o aliado mais próximo de Israel e o seu principal fornecedor de armas, usaram consistentemente o seu poder de veto para bloquear tal medida, até que finalmente se abstiveram em março, permitindo a aprovação da resolução, que foi imediatamente criticada por Israel.
E no mês passado, uma votação não vinculativa na Assembleia Geral da ONU mostrou um apoio internacional esmagador a um Estado palestino independente – deixando os Estados Unidos e os aliados de Israel isolados.
*Com informações de CNN Brasil