Incrível! Você está em contato com cobras de diversas espécies e, de repente, decide se oferecer como cobaia. O norte-americano Tim Friede é um colecionador de cobras venenosas, determinado a descobrir um remédio universal para os peçonhentos mais mortais do planeta — e parece estar cada vez mais perto disso.
Em uma pesquisa recentemente divulgada pela iScience, uma equipe de pesquisadores da Centivax propõe um coquetel experimental para proteger contra picadas de cobras. No entanto, o que chama a atenção é: Tim Friede, o doador hiperimune. Como ele alcançou tal hiperimunidade? Parece inacreditável, mas durante 18 anos, o ex-mecânico de caminhões permitiu e estimulou a mordida de várias espécies de cobras letais, na tentativa de adquirir resistência ao veneno. Tudo realizado de forma autônoma.
Efeitos colaterais
Ao longo do tempo, ele experimentou diversos efeitos colaterais: como febre, convulsões e náuseas. A partir disso, os pesquisadores começaram a examinar o sangue e descobriram dois anticorpos produzidos de forma espontânea pelo organismo do colecionador de répteis.
Os cientistas empregaram um método de “adição interativa” para elaborar o coquetel antiveneno, fundamentado nos anticorpos de Friede. Significa que eles iniciaram neutralizando as toxinas mais comuns e, posteriormente, incluíram componentes para neutralizar outras toxinas significativas que ainda causavam morte.
O estudo indicou que esses anticorpos bloqueiam o efeito paralisante do veneno. Apenas em camundongos foram conduzidos os testes in vivo. O coquetel ou seus componentes foram administrados antes da aplicação do veneno ou, em alguns experimentos, imediatamente após a aplicação do veneno. O monitoramento da sobrevivência dos camundongos foi realizado.
Quais serpentes foram examinadas?
A pesquisa focou em cobras da família Elapidae, que inclui espécies tóxicas. Como as mambas, a cobra do cabo, a cobra indiana, os taipans e os krais. Os cientistas escolheram uma amostra de 19 espécies de venenos presentes na lista da Organização Mundial da Saúde, que representam os venenos de maior potência e maior perigo para a saúde humana. Foram selecionadas essas espécies devido à sua diversidade genética e localização geográfica.
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O estudo revelou que apenas o anticorpo proporcionou uma proteção sólida contra as principais toxinas mortais. Mesmo quando aplicado 10 minutos após a injeção do veneno (modelo de resgate da pesquisa), ele se mostrou eficaz.
Os cientistas enfatizam que, mesmo constatando uma ampla defesa em camundongos contra as doses de veneno testadas, os resultados devem ser interpretados com prudência. De fato, as mordidas de cobra podem liberar doses mais elevadas de veneno, e camundongos não são seres humanos.
Assim, esta pesquisa identifica os elementos letais mais significativos e propõe um procedimento para neutralizá-los de maneira sistemática.