Ex-primeira-ministra de Bangladesh é condenada à morte por crimes contra a humanidade

A ex-primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina (Foto: Reuters/Andrew Gombert/Pool).
A ex-primeira-ministra de Bangladesh Sheikh Hasina foi condenada nesta segunda-feira (17/11) à morte por crimes contra a humanidade. Ela foi considerada culpada por ordenar a repressão contra protestos de estudantes no país em 2024, que acabou deixando cerca 1.400 pessoas mortas, a maioria pelas Forças Armadas de Bangladesh.
O Tribunal bangladense de Crimes Internacionais, que julgou o caso, disse entender que Hasina ordenou diretamente que os militares atirassem contra os manifestantes, o que constitui, ainda segundo o tribunal, um crime contra a humanidade.
Os protestos começaram contra um sistema de cotas do então governo que privilegiava veteranos de guerra em detrimento da população. A situação escalou a ponto de novos protestos exigirem a renúncia de Hasina, com acusações de que a então premiê passou a conduzir um regime autoritário. O movimento, capitaneado pela Geração Z e que ocorreu entre julho e agosto de 2024, foi duramente reprimido pelo governo.
Em agosto de 2024, Hasina fugiu para a Índia. Após a sentença, o governo bangladense pediu à Índia que extraditasse Hasina.
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Ela ainda pode recorrer da sentença à Suprema Corte do país.
Em resposta, Hasina afirmou que a sentença é “enviesada e com motivação política” e questionou a isonomia do tribunal que a julgou. Ela defendeu que seu governo “perdeu o controle da situação” durante o levante estudantil, porém, “não é possível caracterizar o que ocorreu como um ataque premeditado contra cidadãos”.
A ex-premiê disse também que não teve acesso à ampla defesa e que pretende “enfrentar seus acusadores em um tribunal adequado, onde as provas possam ser avaliadas e examinadas de forma justa”.
Hasina, de 78 anos, assumiu como primeira-ministra em 2009. Considerada uma das mulheres mais poderosas da Ásia, ela foi creditada como a responsável por impulsionar a indústria têxtil no país.
A decisão ocorre meses antes das eleições parlamentares, previstas para fevereiro. O partido de Hasina, a Liga Awami, foi impedido de concorrer, e teme que o veredito deste julgamento possa alimentar novas revoltas populares antes da votação.
*Com informações de G1






