O músico, poeta e escritor Chico Buarque recebeu hoje, 24, o prêmio Camões, a honraria mais importante da literatura em língua portuguesa, em cerimônia realizada em Sintra, em Portugal.
Chico Buarque foi premiado em 2019, mas só veio a receber o prêmio quatro anos depois porque o ex-presidente Jair Bolsonaro se recusou a assinar a documentação necessária para que o artista recebesse o diploma.
Em seu discurso na solenidade, Chico Buarque alfinetou Bolsonaro:
“Conforta-me lembrar que o ex-presidente teve a rara fineza de não sujar o diploma do meu prêmio Camões, deixando espaço para a assinatura do nosso presidente Lula.
Recebo esse prêmio menos como honraria pessoal e mais como desagravo a tantos autores e artistas humilhados e ofendidos nesses últimos anos de estupidez e obscurantismo”.
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também discursou na cerimônia, e afirmou:
“Hoje, para mim, é uma satisfação corrigir um dos maiores absurdos cometidos contra a cultura brasileira nos últimos tempos. Digo isso porque esse prêmio deveria ter sido entregue em 2019 e não foi. Todos nós sabemos por quê”.
O prêmio Camões é uma parceria entre os governos de Portugal e do Brasil, criado em 1988. Entre os brasileiros que já foram laureados, estão Raduan Nassar em 2016, Ferreira Gullar em 2010, Lygia Fagundes Telles em 2005 e Jorge Amado em 1994. O escritor homenageado recebe 100 mil euros (R$ 555 mil), sendo metade desse valor subsidiado pela Fundação Biblioteca Nacional, entidade vinculada ao Ministério da Cultura, e a outra metade é paga pelo governo português.
Chico estreou na literatura em 1974, quando lançou seu primeiro livro de ficção, “Fazenda Modelo”. Três anos mais tarde, publicou o livro infantil “Chapeuzinho Amarelo”. Seu primeiro romance, “Estorvo”, foi lançado em 1991, seguido por “Benjamin”, em 1995. Nos anos 2000, o artista lançou “Budapeste” (2003) e “Leite derramado” (2009). Seu último romance foi “Irmão Alemão”, de 2014.