Nesta segunda, 3, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viaja a para Puerto Iguazú, na Argentina, onde ocorrerá amanhã reunião da cúpula do Mercosul. No encontro, o Brasil assumirá a Presidência do bloco pelos próximos seis meses.
Nesse período, o governo brasileiro irá defender um maior diálogo com outros países sul-americanos e até mesmo a possibilidade de atrair novos integrantes para o bloco, visando “realinhar” o processo de integração regional.
O governo brasileiro já sinalizou que a reintegração da Venezuela ao Mercosul está no radar. A secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, a embaixadora Gisela Padovan, se pronunciou sobre isso. Ela disse:
“Precisamos dialogar com o governo venezuelano. É isso que nós estamos fazendo”.
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No entanto, esse assunto, segundo o Palácio do Itamaraty, não será discutido na Cúpula de Puerto Iguazú. Para fazer parte do Mercosul, os países precisam se comprometer a “respeitar os preceitos democráticos”, e foi por isso que a Venezuela foi expulsa do bloco. A embaixadora completou:
“Trataremos de linhas gerais; de diretrizes. Uma discussão específica sobre Venezuela não teremos [agora]”.
De acordo com integrantes do governo brasileiro, um dos primeiros atos do Brasil à frente do Mercosul será a realização de um fórum social entre setembro e outubro. O bloco deverá ter uma preocupação social e não apenas econômica, e o Brasil deverá divulgar amanhã cartas/declarações conjuntas sobre temas como tecnologia, juventude, idosos, alimentação saudável e violência de gênero. Um dos textos deve reforçar a necessidade de maior participação da mulher na política.
Quanto à ações externas, o foco pelos próximos seis meses deve ser a assinatura do acordo com a União Europeia. Lula considera fundamental a parceria, mas tem reclamado publicamente do texto proposto, e chamou as exigências europeias de “ameaça” durante recente cúpula em Paris no mês passado.
Dois pontos têm causado maior entrave, sobretudo entre países da região Amazônica: As exigências ambientais da UE não estariam levando em conta que o meio ambiente pode ser preservado dentro da visão de desenvolvimento sustentável; e as duras sanções comerciais a que nações estariam sujeitas em caso de descumprimento de regras.