Centenas de argentinos fizeram cerca de 30 quarteirões de fila nesta segunda-feira (05/02), em Buenos Aires, depois que a ministra argentina Sandra Pettovello disse, na semana passada, que receberia “um por um os que têm fome” para tentar aliviar protestos.
Na quinta-feira (01/02), enquanto os deputados argentinos negociavam um pacote de reformas do presidente ultraliberal Javier Milei, e em um contexto de inflação de 211% com mais de 45% de pobreza, um grupo de pessoas se aproximou do
Ministério do Capital Humano para denunciar a redução da assistência alimentar aos restaurantes comunitários.
“É assim que vou fazer. Vocês estão com fome? Venham um por um, vou anotar seu número de identificação, seu nome, de onde vocês são e vocês receberão ajuda individualmente” respondeu a ministra na ocasião.
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Em resposta, convocadas por organizações sociais, centenas de pessoas participaram da chamada “fila contra a fome”, nesta segunda (05/02), que ocorreu em paz nas calçadas.
As pessoas levaram cartazes como “com a fome do povo não se negocia” e “temos fome” e alguns aguardavam que lhes dessem de comer, o que não ocorreu.
O porta-voz da Presidência, Manuel Adorni, disse em coletiva de imprensa que a ministra não ia recebê-los, porque não os havia convocado.
“Não foi a intenção da ministra que a população passe mal debaixo do sol com essas temperaturas” disse Manuel.
O episódio rendeu a Pettovello uma denúncia criminal de Juan Grabois, líder do Movimento dos Trabalhadores Excluídos (MTE), por não ter ordenado a entrega de alimentos a cantinas de bairros e comunidades em toda a Argentina, violando assim as normas que garantem a alimentação daqueles que estão sofrendo com a extrema pobreza.
Ainda nessa segunda-feira, Pettovello assinou junto ao Ministério da Infância, Adolescência e Família um convênio de assistência alimentar com a Aliança Cristã de Igrejas Evangélicas da Argentina (Aciera) por um valor de 177,5 milhões de pesos (aproximadamente R$ 1,05 milhão na cotação atual).