Você sabia que roer as unhas pode causar mau hálito? Especialista explica

(Foto: Reprodução)
A onicofagia, termo médico que define o ato de roer unhas, é um comportamento comum que atinge milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo um estudo publicado na revista científica National Library of Medicine, 20% a 30% da população mundial, em todas as faixas etárias, roem as unhas.
O comportamento geralmente começa na infância ou no início da adolescência, e em muitos casos se prolonga até a vida adulta.
Embora muitas vezes tratada como apenas uma mania, especialistas alertam que o hábito pode trazer sérios riscos à saúde física, emocional e até social. A prática pode envolver tanto as unhas das mãos quanto dos pés, e sua repetição constante pode gerar consequências mais graves do que se imagina.
Por que roer unhas é prejudicial?
As unhas desempenham um papel essencial na proteção dos dedos, funcionando como barreira contra a entrada de microrganismos no organismo. Quando são roídas, essa defesa natural é rompida, abrindo caminho para contaminações.
A Rede Onda Digital entrevistou o cirurgião-dentista Paulo Grandal, que destacou os riscos bucais associados ao hábito. Segundo ele, roer unhas pode provocar fraturas, desgastes e até mudanças na mordida.
“Roer unha estraga o dente, pode quebrar, trincar, gastar a ponta e até ferir a gengiva. A força que a pessoa faz com o dente não é natural, e isso acaba prejudicando os dentes”, explicou.
Grandal acrescentou que, por se tratar de um movimento repetitivo, a prática pode lascar dentes, quebrar restaurações e até alterar a posição dos dentes da frente.

Outro risco apontado pelo especialista é o aumento das infecções na boca.
“A unha acumula sujeira, bactérias e até vírus. Quando a pessoa coloca na boca, leva tudo para dentro da cavidade oral. Isso pode causar inflamação da gengiva, aftas e até problemas estomacais”, completou.
Relação com mau hálito e doenças periodontais
De acordo com o cirurgião-dentista, a onicofagia também está ligada a aftas, mau hálito e doenças periodontais. O atrito das unhas pode ferir a mucosa da boca, gerando úlceras dolorosas. Já o acúmulo de bactérias ao redor dos dentes favorece a gengivite, inflamação que contribui para o mau hálito e pode evoluir para complicações mais graves.
Entre as principais orientações do profissional para quem deseja abandonar o hábito estão: manter as unhas sempre curtas, adotar objetos de distração em momentos de ansiedade — como bolinhas antiestresse — e buscar acompanhamento odontológico para avaliar possíveis danos.

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Psicologia explica a relação entre ansiedade e onicofagia
Além dos riscos físicos, o hábito também tem impactos emocionais. A psicóloga Luciely Botelho, em entrevista à reportagem, destacou que a onicofagia é frequentemente associada à ansiedade, ao estresse e até a transtornos compulsivos.
“A onicofagia geralmente surge como resposta à ansiedade, estresse ou tédio. Na psicologia, é vista como um comportamento repetitivo que funciona como válvula de escape emocional”, explicou a especialista.
Segundo Botelho, quando o comportamento se torna frequente, difícil de controlar e começa a causar prejuízos físicos, emocionais ou sociais, ele deixa de ser apenas uma mania e passa a ser considerado um distúrbio que exige tratamento.

Impactos emocionais e sociais
Além das lesões físicas, roer unhas compromete a autoestima e pode gerar constrangimento social. Pessoas que apresentam unhas deformadas ou machucadas tendem a escondê-las, evitando situações de exposição, o que reforça ainda mais o ciclo de ansiedade.
A psicóloga ressalta que, em muitos casos, a onicofagia é apenas a ponta do iceberg, revelando quadros mais amplos de ansiedade e compulsão que precisam ser tratados com acompanhamento profissional.
Técnicas para controlar o hábito
Entre as principais estratégias psicológicas para lidar com a onicofagia estão:
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Terapia cognitivo-comportamental (TCC): ajuda o paciente a identificar os gatilhos emocionais que levam ao hábito e substituí-los por respostas mais saudáveis.
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Treino de controle de hábitos: técnicas práticas que auxiliam a pessoa a reconhecer e interromper o comportamento em situações de risco.
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Práticas de relaxamento: respiração profunda, meditação e exercícios de mindfulness podem reduzir a ansiedade e a compulsão.
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Substituição de comportamento: uso de objetos como bolinhas antiestresse, elásticos de pulso ou atividades manuais que desviem o impulso de roer as unhas.
Botelho reforça que cada caso deve ser avaliado individualmente. Em situações mais graves, pode ser necessário integrar acompanhamento psicológico com avaliação médica e odontológica, garantindo um tratamento multidisciplinar.
