Saúde mental começa em casa: o papel dos pais para ajudar crianças e adolescentes

Foto: Pixabay
O diálogo sobre saúde mental e o acolhimento são necessários com crianças e adolescentes para que se sintam seguros ao expressar suas emoções e pedir ajuda. É o que defende a professora doutora Kelly Souza, pedagoga, psicóloga e especialista em psicopedagogia, que atua com crianças neurodivergentes.
“Um ambiente seguro, um ambiente tranquilo é construído quando o sujeito se sente de fato respeitado naquilo que sente e acolhido. Se todas as vezes que eu digo de alguma coisa que eu estou sentindo, eu tenho como retorno, ‘ah, você está mentindo’, ou ‘você está exagerando’, eu começo a entender que aquele ambiente não acolhe a minha dor. Então, um ambiente seguro é um ambiente que respeita o indivíduo e acolhe aquilo que ele está sentindo”, explicou a especialista.
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O silêncio fala alto
A especialista alerta para mudanças sutis de comportamento, como isolamento, recusa em ir à escola, dores físicas sem causa aparente, tristeza constante, podem ser sinais de sofrimento emocional e não “apenas uma fase” como muitas vezes os pais acreditam.
“Se você está percebendo que a tua criança, que o teu adolescente está se isolando, está se afastando, está apresentando dores que não são físicas, mas que são emocionais, você precisa começar a cuidar agora. Quanto mais a gente posterga em cuidar hoje, são dores que vão tomar dimensões muito mais intensas e se tornar problemas muito graves, levando a questões muito mais graves”, destacou.
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Parceria com a escola
A doutora Kelly reforça que a responsabilidade pela saúde mental das crianças deve ser compartilhada entre família para que as reuniões na escola não sejam apenas para entrega de notas, e que os professores precisam estar atentos às mudanças de comportamento dos alunos e que não ignorem sinais de bullying, isolamento ou sofrimento emocional visíveis em sala de aula.
“A escola não pode ser um espaço só de reclamações. Precisa ser um espaço de orientação. Hoje, mais do que nunca, precisamos de escolas que também formem pais. O professor vê, mas às vezes finge que não vê. Isso não pode ser normalizado”, disse Kelly.
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Diálogo
Para que o diálogo sobre saúde mental aconteça, é essencial que os adultos criem um espaço seguro onde a criança ou o adolescente se sinta à vontade para falar, inclusive para discordar, sempre respeitando as opiniões diferentes.
“Não precisa ser uma conversa longa, mas um momento genuíno de escuta. Um ambiente onde a criança possa dizer o que sente sem medo de julgamento. Cada criança é única. Tenho três filhos e cada um funciona de forma diferente. Enquanto não entendermos essa singularidade, continuaremos tratando todos da mesma forma e isso não funciona”, explica a especialista.
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Limites
Para Kelly Souza, além do acolhimento, as crianças e adolescentes também precisam de limites e da validação de seus sentimentos. “Elas precisam aprender a lidar com o ‘não’, a se frustrar, a entender que tédio faz parte da vida. E isso só é possível num ambiente de respeito mútuo e empatia”, afirma.
E ela conclui: “Famílias que cultivam o respeito dentro de casa criam filhos que sabem respeitar fora dela. Não adianta esperar que a escola ensine empatia se em casa reina o desrespeito.”
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Saiba onde buscar ajuda
A orientação da especialista é clara, procure ajuda profissional dando um passo essencial para o cuidado com a saúde.
