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Exército de Napoleão foi dizimado por múltiplas doenças além do tifo, aponta estudo

Análise de DNA de soldados mortos na invasão da Rússia, em 1812, identifica bactérias inéditas
25/10/25 às 09:22h
Exército de Napoleão foi dizimado por múltiplas doenças além do tifo, aponta estudo

Quando se ouve falar sobre Napoleão, a maioria das pessoas pensa no grande império e nas vitórias militares da FrançaFoto: imago images

Mais de dois séculos após a trágica invasão da Rússia por Napoleão Bonaparte, cientistas revelaram novas pistas sobre o que dizimou o exército francês em 1812.

Uma pesquisa publicada nesta sexta-feira (24/10) na revista científica Current Biology indica que, além do tifo, outras doenças infecciosas — incluindo Salmonella enterica e Borrelia recurrentis — contribuíram para a morte de centenas de milhares de soldados.

Os microrganismos foram identificados em análises de DNA extraído de dentes de soldados encontrados em uma vala comum descoberta em Vilnius, na Lituânia, em 2001. A descoberta amplia a compreensão sobre as causas da derrota de Napoleão e demonstra o poder das novas tecnologias genéticas aplicadas à história.

 “Antes, acreditávamos que apenas o tifo havia dizimado o exército. Agora, temos evidências diretas de que múltiplas doenças estavam presentes”, afirmou Nicolás Rascovan, chefe da Unidade de Paleogenômica Microbiana do Institut Pasteur.

Epidemias no frio russo

A campanha de 1812 é lembrada como uma das mais desastrosas da história militar. Napoleão partiu para a Rússia com mais de 500 mil soldados, mas apenas algumas dezenas de milhares retornaram à França seis meses depois.

As tropas enfrentaram batalhas intensas, fome, frio extremo e surtos epidêmicos enquanto recuavam de Moscou — cidade que encontraram abandonada e incendiada pelos russos.

Em 2006, cientistas já haviam identificado a presença da bactéria Rickettsia prowazekii, causadora do tifo, mas o novo estudo utilizou tecnologia de sequenciamento genético de alto rendimento, capaz de detectar fragmentos de DNA altamente degradados, algo impossível à época.


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Avanço científico e legado histórico

O novo trabalho analisou 13 amostras e, embora não tenha detectado traços de tifo, confirmou a presença de outras bactérias fatais que provocam febre paratifoide e febre recorrente — doenças que ainda existem, mas hoje são raras e tratáveis.

 “Esses resultados mostram como o avanço tecnológico permite reconstruir, com mais nuances, episódios que moldaram a história”, destacou o pesquisador Cecil Lewis, da Universidade de Oklahoma, que não participou do estudo.

Segundo os autores, as descobertas ajudam a entender como surtos infecciosos influenciaram o curso de guerras e o destino de impérios. No caso de Napoleão, as epidemias foram determinantes para o colapso de seu exército — e, poucos anos depois, para sua queda definitiva do poder.

 

*Com informações da CNN Brasil.