Celebrado no dia 21 de março, o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial tem significado importante no atual contexto social brasileiro, em que crimes como racismo e violência de gênero são incentivados por declarações e atos de celebridades e até de figuras do cenário político.
É justamente no poder Legislativo que o presidente do Instituto Afrorigem no Amazonas, Christian Rocha, identifica o principal problema da luta contra o preconceito no âmbito local.
“Temos 41 vereadores em Manaus. Nenhum atua em defesa da causa negra. Temos representantes de igrejas, de motoristas do Uber, dos empresários. Isso não está errado, mas falta representação das causas sociais”.
Leia mais:
A ausência de políticas públicas contra o desemprego entre a população negra, a mais prejudicada pela falta de trabalho segundo o censo demográfico, é o efeito imediato dessa lacuna.
“Nesse sentido, fica mais fácil entender por que os índices de violência doméstica e estupro estão elevados. Os deputados da Aleam (Assembleia Legislativa do Amazonas) celebraram a rejeição ao projeto de uma colega que estabelecia a igualdade da saúde da população negra”, exemplifica Christian.
Diálogos
Ativista do Movimento de Mulheres Negras da Floresta (Dandara), Francy Júnior afirma que faltam medidas de cunho educativo contra o racismo.
“Leis como a 10.639/2003, por exemplo. Criar e deixar serem efetivados programas, projetos de estado que combatam o racismo na comunidade escolar. Efetivar diálogos com o movimento de negros e negras, ouvir as comunidades de terreiros e assim buscar defesas, saídas para expurgar esse tipo de crime”, explica.
Outro entrave encontra-se no conteúdo apresentado nas escolas, restrito a datas e situações abordadas de forma isolada (como a escravidão), o que resulta num tratamento superficial sobre o tema.
“Professores pensam que estão dando o melhor de si ao apresentar o negro no contexto exclusivo da escravidão. Esquecem a libertação dos escravos, o fomento à agricultura e à indústria”, diz Francy.