Hoje se celebra o Dia Mundial do Transtorno Bipolar. O 30 de março foi escolhido para a data por causa do aniversário do mestre da pintura Vincent Van Gogh, diagnosticado postumamente com a doença. O transtorno bipolar também conhecido como “afetivo” ou doença “Maníaca-Depressiva” como é chamada no senso comum, atinge aproximadamente 140 milhões de pessoas no contexto mundial, sendo quase 7 milhões no Brasil, de acordo com os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS). É comum você encontrar neste tipo de transtorno mudanças incomuns no humor, na energia e na dificuldade de realizar atividades cotidianas simples.
Recentemente, o caso da esposa de personal trainer que se envolveu com morador de rua e que chamou a atenção do Brasil, foi motivado por transtorno bipolar: laudo psicológico elaborado pelo Hospital Universitário de Brasília constatou que a mulher passava por fase maníaca do transtorno, caracterizada por “alteração de humor, alucinações auditivas, delírios grandiosos e de temática religiosa”.
Leia mais:
Laudo aponta transtorno bipolar em mulher flagrada com morador de rua
Dia de conscientização sobre mudanças climáticas: Pequenas ações fazem a diferença
Segundo o psicólogo Danilo Areosa, a ciência ainda não conseguiu determinar a causa da bipolaridade. Ele disse:
“Sabe-se que o transtorno tem ligações possíveis com a hereditariedade. Certas substâncias produzidas pelo organismo humano como os neurotransmissores chamados de noradrenalina ou serotonina, quando desregulados, desencadeiam manifestações bipolares”.
Na pandemia, a situação de pacientes do transtorno bipolar só piorou. De acordo com Areosa:
“Observamos que o isolamento provocou restrições no contato social, algo que para o paciente com transtorno bipolar é extremamente danoso, porque eles sentem que a falta de convivência estimula uma espécie de ‘obrigação’ em seguir regras sanitárias em detrimento da sua própria, um padrão que incomoda a pessoa com doença”.
Psicólogos têm observado também um aumento de busca sexual entre pacientes, como forma de escape para a angústia do período pandêmico. Areosa diz:
“A troca de parceiros acabou por culminar em um aparecimento maior de doenças sexualmente transmissíveis”.
Por fim, para tratamento do transtorno bipolar medicamentos ainda são muito importantes, mas terapia e escuta nunca deixarão de ter sua contribuição fundamental para os pacientes. Diz o psicólogo:
“Medicamentos são importantes porque regulam e ajustam o humor. Mas a escuta terapêutica é fundamental para o acolhimento afetivo do paciente e um instrumento valoroso para ajudar o bipolar a não se sentir excluído. O atendimento terapêutico realizado pelo psicólogo também é estendido para o ambiente familiar. Não podemos esquecer que grande parte dos comportamentos gerados pela bipolaridade afetam no núcleo familiar. Por isso, estabelecer o dialogo entre o paciente e sua família é uma ação que facilita o primeiro a aceitar sua condição de uma pessoa que precisa de ajuda. Para isso, ao menos, a pandemia contribuiu: mostrar a nossa sociedade sobre a importância da saúde mental”.