Ednaldo Rodrigues, o presidente destituído da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), apresentou uma petição ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (19/5) renunciando à tentativa de retornar ao cargo. Ednaldo foi destituído do cargo na semana passada, por determinação do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).
No documento divulgado pela defesa de Ednaldo, ele declarou que os eventos recentes, incluindo sua suspensão por suspeita de falsificação de uma assinatura em um acordo entre a CBF e adversários políticos, “prejudicaram sua vida familiar”. Ele concluiu o texto desejando boa sorte ao seu sucessor na presidência da entidade.
“Este gesto, sereno e consciente, representa o esforço do Peticionário em deixar para trás este último ato do litígio, rejeitar narrativas que ferem sua honra e de sua família, e reafirmar, diante dessa Suprema Corte, como sempre fez, seu compromisso com o respeito à Justiça, à verdade dos fatos e à estabilidade institucional da Confederação Brasileira de Futebol (…) (Ednaldo) Declara que, em relação às novas eleições convocadas pelo interventor, não estar concorrendo a qualquer cargo ou apoiando qualquer candidato, desejando sucesso e boa sorte àqueles que vão assumir a gestão do futebol brasileiro”, afirmou Ednaldo.
A declaração do presidente em exercício conclui uma recente batalha jurídica entre ele e seus opositores. Ednaldo Rodrigues foi destituído da presidência da CBF em dezembro de 2023, após uma decisão judicial identificar irregularidades na eleição que o elegeu, que ocorreu em 2022. Ele voltou ao posto aproximadamente um mês depois, em janeiro de 2024, graças a uma decisão liminar do STF que o reconduziu ao cargo sob a justificativa de que o Brasil poderia ser penalizado no âmbito esportivo se a CBF estivesse sob a liderança de uma chapa não reconhecida pela Fifa e pela Conmebol.
A decisão liminar de Gilmar Mendes foi tomada em um processo mais amplo, que analisa a legitimidade do Ministério Público para firmar acordos com organizações esportivas. Este procedimento teve impacto direto na CBF, pois a organização implementou alterações no estatuto através de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado com o Ministério Público do Rio de Janeiro.
Em fevereiro deste ano, o STF ratificou um acordo entre opositores e Ednaldo. No documento, as partes se comprometeram a resolver qualquer contenda legal relacionada às eleições de 2022. No entanto, a questão do acordo voltou à tona após uma acusação de falsificação da assinatura do Coronel Nunes, ex-presidente da CBF e um dos signatários do acordo, ter sido levantada.
Após a denúncia, a deputada federal Daniela do Waguinho (União Brasil/RJ) e Fernando Sarney, vice-presidente da CBF, solicitaram a suspensão de Ednaldo do cargo de presidente da CBF. Inicialmente, o ministro Gilmar Mendes, que é o relator do caso dos acordos entre o Ministério Público e as entidades esportivas, rejeitou as solicitações.
No entanto, ele ordenou uma análise minuciosa sobre a acusação de falsificação da assinatura do Coronel Nunes. O ex-presidente foi convocado para uma audiência, cujo objetivo seria confirmar sua real condição cognitiva. Ele luta contra um câncer cerebral e, segundo um relatório recente, vem sofrendo perdas nessa área. Sob a alegação de problemas de saúde, o Coronel Nunes não participou da audiência, nem mesmo através de videoconferência, abrindo caminho para um novo afastamento de Ednaldo da presidência da CBF.
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O destino da CBF
Após a decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o vice-presidente Fernando Sarney designou as novas eleições para a presidência da CBF para o dia 25 deste mês. Samir Xaud, presidente eleito da Federação Roraimense de Futebol, será o único candidato. Ele se reuniu nesta segunda-feira com a Comissão Nacional de Clubes. A gestão de Xaud no futebol de Roraima só começaria em 2027.

Em meio à agitação nos bastidores, a CBF confirmou a contratação do treinador Carlo Ancelotti, em substituição a Dorival Júnior, que não aguentou os resultados negativos. O técnico deixou claro que a situação da entidade fora das quatro linhas não seria um empecilho para que ele assumisse a direção da Seleção Brasileira, e que seu vínculo com a CBF era diferente de Ednaldo Rodrigues.
O técnico italiano começa suas atividades na segunda-feira, dia em que faz sua primeira convocação como treinador da Seleção Brasileira. Na próxima Data Fifa, Ancelotti já estará à frente do Brasil nos jogos contra Equador e Paraguai.